ATA DA CENTÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 20-11-2002.

 

 


Aos vinte dias do mês de novembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Nonagésima Sexta Sessão Ordinária e da Trigésima Terceira Sessão Solene. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Almerindo Filho, 02 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações n° 224/02 (Processo n° 3374/02); pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Informações n° 230/02 (Processo n° 3445/02); pelo Vereador Cassiá Carpes, o Substitutivo n° 01 ao Projeto de Lei do Legislativo n° 211/02 (Processo n° 3330/02); pelo Vereador Ervino Besson, o Projeto de Lei do Legislativo n° 224/02 (Processo n° 3453/02); pelo Vereador Paulo Brum, 02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo n° 219/02 (Processo n° 3410/02); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Informações n° 229/02 (Processo n° 3441/02); pelo Vereador Valdir Caetano, os Pedidos de Informações n°s 226 e 227/02 (Processo n° 3387 e 3388/02, respectivamente). Também, foi apregoado o Requerimento n° 171/02 (Processo n° 3464/02 - Sessão Solene para entrega do Selo da Cidadania), de autoria da Mesa Diretora. Ainda, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 186/02 (Processo n° 2986/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício n° 121/02, do Senhor José Pereira da Silva, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social; Comunicado n° 061086/02, da Senhora Mônica Messenbeg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. A seguir, o Senhor Presidente registrou o transcurso, ontem, do aniversário do Vereador Beto Moesch. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Alex Jung, representante do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública de Belém Novo - CONSEPRO, que discorreu acerca de proposta do Executivo Municipal que prevê a instalação do Centro da Juventude da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo - FASE - na Estrada do Lami, número mil, cento e cinqüenta, no Bairro Belém Novo, contrapondo-se a essa iniciativa e justificando os motivos que embasam tal posicionamento. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Beto Moesch, Ervino Besson, Clênia Maranhão, Sebastião Melo, Haroldo de Souza, Cassiá Carpes, Maria Celeste, Raul Carrion, Antonio Hohlfeldt e Luiz Braz manifestaram-se acerca do tema abordado durante a Tribuna Popular. Durante suas manifestações, acima referidas, os Vereadores Sebastião Melo e Antonio Hohlfeldt formularam Requerimentos verbais, solicitando, respectivamente, manifestação da Comissão de Constituição e Justiça e da Procuradoria da Casa quanto ao assunto abordado pelo Senhor Alex Jung, ao que o Senhor Presidente determinou fossem esses Requerimentos formalizados por escrito. Às quinze horas e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 206 e 203/02, este discutido pelos Vereadores Raul Carrion e Luiz Braz, o Projeto de Resolução n° 110/02; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 017/02, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e Luiz Braz, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 205, 209 e 196/02, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Raul Carrion e Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Executivo n° 068/02, o Projeto de Resolução n° 103/02, discutido pelos Vereadores Maria Celeste e Raul Carrion. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum discorreu sobre as atividades desenvolvidas pela Associação de Assistência à Criança Defeituosa - AACD - em Porto Alegre. Nesse sentido, informou que a AACD foi autuada pela Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV - em razão de irregularidades em seu prédio, registrando que a entidade pode ter sua sede interditada, criticando as exigências feitas por essa Secretaria para a regularização dessa situação e solicitando o apoio dos Senhores Vereadores quanto a esta causa. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo, subscrito nos termos do artigo 106, VI, do Regimento e deferido pelo Senhor Presidente, solicitando votação em destaque para as Emendas n°s 16, 18, 19, 21, 39 e 40, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 062/02 (Processo n° 3005/02), para as Emendas n°s 01, 03 e 04, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 063/02 (Processo n° 3006/02), para as Emendas n°s 02, 04 e 05, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 064/02 (Processo n° 3007/02), para as Emendas n°s 02, 04 e 05, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 065/02 (Processo n° 3008/02), e para as Emendas n°s 02, 04 e 05, apostas ao Projeto de Lei do Executivo n° 066/02 (Processo n° 3009/02). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo reportou-se a notícias publicadas na imprensa nacional, referentes a posicionamentos expressos pelo Fundo Monetário Internacional - FMI - acerca dos projetos econômicos defendidos pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República eleito. Também, teceu considerações sobre Projetos em tramitação neste Legislativo que versam sobre a definição e aplicação do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - nas áreas da Cidade definidas como rururbanas. O Vereador Carlos Alberto Garcia registrou o transcurso, hoje, do Dia de Zumbi de Palmares, bem como da Semana da Consciência Negra, comentando dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - acerca dos índices estatísticos referentes à presença de pessoas de etnia negra no mercado de trabalho brasileiro, à diferença salarial e tempo de permanência no emprego verificada entre brancos e negros que exercem funções semelhantes e ao acesso de crianças dessa etnia aos ensinos fundamental, médio e superior. O Vereador Raul Carrion, ao saudar a passagem do Dia da Consciência Negra, manifestou-se sobre a vida e o legado histórico representado pela figura de Zumbi dos Palmares, historiando as expedições realizadas para subjugar o Quilombo dos Palmares e enaltecendo a coragem e a determinação de seus habitantes em resistir às tentativas de conquista e aprisionamento. Nesse sentido, defendeu a aprovação do Projeto de Lei do Legislativo n° 115/01, que denomina Largo Zumbi dos Palmares o local atualmente conhecido como Largo da EPATUR. O Vereador Juarez Pinheiro referiu-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Sebastião Melo em Comunicação de Líder, acerca de Projetos de Lei que estão tramitando neste Legislativo, relativos ao tratamento tributário a ser dispensado pelo Município em relação ao Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, no que se refere às áreas definidas como rururbanas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA, salientando a disposição da Bancada do Partido dos Trabalhadores em realizar um debate amplo sobre o tema. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Célio Dias, do PT do Município de Blumenau – SC. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e a Vereadora Sofia Cavedon formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às dezesseis horas e dez minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e vinte minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, os Vereadores Líderes de Bancada apresentaram proposta de alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, tendo o Vereador Sebastião Melo manifestado-se a respeito. Às dezesseis horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi aprovada proposta apresentada pelos Senhores Líderes de Bancada, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, face manifestações dos Vereadores Juarez Pinheiro e Fernando Záchia, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. A seguir, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo, solicitando manifestação da Comissão de Constituição e Justiça a respeito de alterações promovidas no Regime Urbanístico do Bairro Belém Novo, através de Decreto do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, em virtude da construção de equipamento da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo - FASE, por dezessete votos SIM, dois votos NÃO e seis ABSTENÇÕES, em votação nominal solicitada pelo Vereador Adeli Sell, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo, Não os Vereadores Adeli Sell e Carlos Pestana e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Aldacir Oliboni, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei e Sofia Cavedon. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 115/01. A seguir, face manifestação da Vereadora Sofia Cavedon, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 056/02, por dezesseis votos SIM e nove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Sofia Cavedon, Clênia Maranhão e Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei e Sofia Cavedon. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o transcurso, ontem, do aniversário do Vereador Beto Moesch, procedendo à entrega de cartão de felicitações a Sua Excelência. Após, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando que o Projeto de Resolução n° 107/02 (Processo n° 3212/02) seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Durante a apreciação do Requerimento acima referido, o Vereador Carlos Alberto Garcia deixou de presidir os trabalhos, nos termos do artigo 22 do Regimento. Em continuidade, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 120/02 (Processo n° 1965/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto de Resolução n° 077/02 e a Emenda n° 01 a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 043/02, com ressalva da Emenda n° 01 a ele aposta, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Ervino Besson, Juarez Pinheiro e Pedro Américo Leal. Após, foi aprovada a Emenda n° 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo n° 043/02. Na ocasião, foram apregoadas as Emendas n°s 01 e 02, de autoria do Vereador Cassiá Carpes, Líder da Bancada do PTB, ao Projeto de Lei do Legislativo n° 049/01 (Processo n° 1236/01). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 155/02, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Ervino Besson, Pedro Américo Leal, Maristela Maffei e Elói Guimarães. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo n° 180/97, com ressalva das Emendas n°s 01 e 02 a ele apostas, o qual obteve quatro votos SIM, um voto NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Maristela Maffei, Elói Guimarães, João Antonio Dib e Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada pela Vereadora Sofia Cavedon, tendo votado Sim os Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Elói Guimarães e Pedro Américo Leal, Não o Vereador Juarez Pinheiro e tendo optado pela Abstenção os Vereadores João Antonio Dib e Raul Carrion, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e sete minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de iniciarmos a Tribuna Popular, eu quero fazer um registro: na data de ontem, o Ver. Beto Moesch, completou mais um ano de vida, sendo por isso cumprimentado pela Casa. O Ver. José Fortunati, depois, oportunamente, vai lhe entregar o cartão de cumprimentos, como é tradição aqui na Casa. Meus cumprimentos a V. Ex.ª. Parabéns. (Palmas.)

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular, que ocorre em função do art. n.º 100 da Lei Orgânica do Município, nesta Sessão será ocupada pelo Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública do Bairro Belém Novo, o CONSEPRO, e o assunto a ser objeto da intervenção do Conselho Comunitário, inscrito regularmente neste período, será a Instalação do Centro da Juventude da FEBEM, a FASE, na Estrada do Lami, n.º 1.150, no Bairro Belém Novo.

O Sr. Alex Jung está com a palavra pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. ALEX JUNG: Muito boa-tarde, Sr. Presidente em exercício, Srs. Vereadores, estou aqui representando o Conselho Comunitário Pró- Segurança Pública de Belém Novo – CONSEPRO - bem como a própria comunidade daquele distinto Bairro. Tendo em vista o exíguo tempo que nós temos, saúdo todos e aproveito o ensejo para cumprimentar o Ver. Antonio Hohlfeldt por sua eleição como Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, bem como cumprimento todos os Vereadores que se elegeram Deputados Estaduais no último pleito.

O que nos traz aqui, senhores, é a preocupação de como foi aprovada, em nível municipal, a construção do Centro da Juventude da FEBEM, hoje FASE, na Av. do Lami, n.º 1.150, no Bairro Belém Novo.

Em primeiro lugar, a Lei Municipal Complementar n.º 434/99, o Plano Diretor de Porto Alegre, além de desrespeitado, foi alterado através de um Decreto do Executivo, quando dita alteração deveria ocorrer mediante lei, através do Legislativo Municipal, ou seja, desta colenda Casa. Em síntese, os Srs. Vereadores foram preteridos nesta alteração. Vamos explicar.

O art. 163, inciso XI, do Plano Diretor de Porto Alegre dispõe que serão objeto de decreto do Executivo as matérias que tratam da reclassificação das áreas funcionais para áreas especiais, nos termos da Lei Complementar, e compatibilização dos respectivos regimes urbanísticos, no prazo máximo de noventa dias. Pois bem, dentro deste prazo de noventa dias foi publicado o Decreto n.º 12.717, onde foram reclassificadas as áreas funcionais de interesse público da Lei Complementar n.º 43, de junho de 1979, para áreas especiais institucionais, compatibilizando os respectivos regimes urbanísticos. Nesse Decreto 12.717, em seus anexos, nada consta sobre a área onde será construído o Centro da Juventude da FASE, lá no Bairro Belém Novo; nada consta nesse Decreto.

Para a aprovação do Projeto, na Prefeitura, o então Prefeito Tarso Genro publicou o Decreto n.º 13.538, de 10 de dezembro de 2001, acrescentando ao Anexo 1 do Decreto n.º 12.717 a Área Especial de Interesse Institucional FEBEM - Belém Novo, ou seja, além de fora do prazo, ele compatibilizou um regime urbanístico que não existia no Plano Diretor anterior. Isso não sou eu que estou dizendo, existe um parecer da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, órgão que compõe o Conselho Municipal do Plano Diretor, junto ao Processo Administrativo n.º 02.299821.00.1 que tramitou na Secretaria do Planejamento Municipal.

Por outro lado, é importante destacar que o art. 162, inciso VI, do Plano Diretor determina que serão objeto de lei as matérias que tratarem de alteração e definição de regime urbanístico, à exceção da inclusão e exclusão de atividades nos grupamentos já existentes, conforme o Anexo 5. Além disso, senhores, não foi exigido estudo de impacto ambiental para a referida obra e o competente relatório sobre impacto no meio ambiente, estudo esse que foi proposto pela Sociedade de Engenharia. Eu peço vênia para destacar parte desse Parecer. (Lê.) “Assim, cogitar-se EIA-Rima não constitui nenhuma impropriedade, principalmente quando o projeto foi rejeitado por unanimidade pelo Fórum Regional, instância proposta pelo Executivo, aprovada no Legislativo e incorporada ao Plano Diretor para ouvir a comunidade. Tal rejeição já demonstra a existência de impacto negativo da atividade.”

É importante destacar que o desrespeito ao Plano Diretor de uma cidade implica necessariamente no desrespeito ao art. 182 da Constituição Federal. Nós ainda temos o desrespeito à natureza, senão vejamos: o Município de Porto Alegre autorizou a FEBEM e o Estado a devastarem, em zona de banhado, 10.800m2 de maricazal, planta nativa, mediante compromisso de plantio de três mil duzentas e quarenta mudas de espécies nativas, ainda no inverno de 2002, através do Processo Administrativo n.º 02.070815.02.0, que tramitou junto à SMAM. Senhores, as árvores foram efetivamente arrancadas e até o presente momento não temos notícias do plantio compensatório, e o inverno de 2002 já passou, como sabemos. Por outro lado, sabemos que, se o cidadão comum cortar uma árvore no quintal da sua casa, ele será multado e será obrigado a fazer um plantio compensatório. E se não o fizer? Sofrerá as conseqüências legais, obviamente, isso é notório. Por outro lado, tacham a comunidade de Belém Novo de preconceituosa, alegando, sem qualquer compromisso com a verdade e a ética, que não aceitamos os menores infratores que estão sob a tutela do Estado e serão encaminhados para o Centro da Juventude da FASE.

Aqueles que assim dizem talvez desconheçam que a comunidade de Belém Novo já convive com a FEBEM há mais de trinta anos. Trata-se de uma unidade dividida em diversas casas para menores abandonados ou em situação de risco, bem como para portadores de necessidades especiais.

Aliás, através da Lei Estadual n.º 11.800, de maio deste ano, a FEBEM foi extinta dando lugar a duas novas instituições: a Fundação de Proteção Especial, que cuida das crianças em situação de risco, e a FASE, que cuida dos menores em conflito com a lei.

Essa divisão, conforme foi amplamente divulgada através dos meios de comunicação, seria para separar em definitivo as atividades, bem como retirar aquele estigma de ser um menor, um adolescente, oriundo da FEBEM.

Tal divisão seria também para separar os menores; no entanto, essa divisão trata-se de mera demagogia, pois no mesmo terreno estarão as duas instituições, assim como era antes da Lei Estadual n.º 11.800, que dividiu as fundações.

Onde está a divisão tão preconizada? Na prática não existe essa divisão. Será que foi feita uma divisão apenas para criar esses novos cargos para “os amigos do rei”?

Por fim, queremos enfatizar que o não-atendimento dos anseios da comunidade de Belém Novo, o não-atendimento da rediscussão do projeto, também a aprovação apressada do projeto, em nível municipal, caracteriza a discriminação pela Prefeitura entre seus administrados, uma vez que a discussão sobre o sambódromo, a Pista de Eventos, e todos sabem do que estou falando, foi amplamente apreciada em decorrência da rejeição do projeto pelos moradores do Bairro Humaitá. Será que os moradores do Bairro Humaitá também não estão fazendo discriminação com o sambódromo?

Assim, verifica-se que o Bairro Humaitá foi atendido e o Bairro Belém Novo sequer foi ouvido, tratando-se de questões similares.

Mais uma vez a Prefeitura infringe a Constituição Federal, ou seja, o disposto no artigo 5.º, que assevera que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Senhores, todos somos iguais.

Para encerrar quero destacar que o Estado do Rio Grande do Sul faz piada com a comunidade de Belém Novo, uma vez que, no local onde será construída a obra, colocaram uma placa com os seguintes dizeres: “Aqui mais uma obra decidida com a participação popular.” Tachamos isso como piada, só pode ser piada! Por isso a comunidade de Belém Novo pede aos Srs. Vereadores, como representantes do povo que são, que a aprovação deste projeto, por parte do Município de Porto Alegre, seja revista, principalmente porque foi suprimida uma instância, uma vez que a alteração do Plano Diretor de Porto Alegre, a Lei Municipal n.º 434/99, deu-se através de Decreto do Executivo, sem passar por esta colenda Casa. Muito obrigado senhores.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Beto Moesch está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BETO MOESCH: Em nome da Bancada do PPB, gostaríamos de nos solidarizar com essa luta da comunidade do Bairro Belém Novo, um bairro que já está, pelo Plano Diretor atual, totalmente comprometido, porque ali há uma intenção, um estímulo, um incentivo para um aumento extraordinário do índice construtivo. O Bairro Belém Novo é um dos bairros remanescentes em termos naturais e de qualidade de vida na cidade de Porto Alegre.

Agora, colocaste a questão muito bem, muito didaticamente - o que nos ajuda muito no sentido de acompanhar esse processo. Já havíamos nos manifestado sobre esse assunto, ainda no ano passado, numa reunião da Comissão de Direitos Humanos. Nós temos acompanhado esse processo e colocamos – e repito aqui – o seguinte: independente de ser uma obra para a FEBEM - poderia ser um loteamento, por exemplo - a obra estaria irregular. Tu colocaste muito bem, ela não só atenta ao Plano Diretor, que foi alterado e deveria passar pela Câmara de Vereadores, mas há uma licença, mais uma vez, malfeita pela Prefeitura, que permite aterrar um banhado, que é área de preservação permanente, segundo o Código Estadual de Meio Ambiente. (Palmas.) Então, é um Projeto totalmente irregular, ilegal, não só pelo Plano Diretor, mas por dispositivos da legislação estadual e federal. E nós temos de, mais uma vez, ver como o Ministério Público está tratando essa questão. O Ministério Público é o órgão que deve zelar pela preservação do meio ambiente. E mais uma vez, dentre outras inúmeras obras em Porto Alegre, a Legislação não está sendo cumprida, e muito menos a população sendo consultada, como dizem, mas na realidade não acontece.

Lamento profundamente e mais uma vez me envergonho, como cidadão de Porto Alegre, desse episódio. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, Sr. Alex Jung e comunidade de Belém Novo, Diretor-Geral da Casa, Mário Fraga, também pessoas daquela comunidade. Eu falo em nome da Bancada do PDT, composta pelos Vereadores Isaac, Nereu, Bosco, Humberto e o Presidente desta Casa, José Fortunati.

Eu sou Vice-Presidente do CONSEPRO da Vila Nova. Desde o momento em que uma entidade como o CCONSEPRO chega a esta Casa e faz esse pronunciamento que se ouviu há pouco nesta tribuna, nós ficamos estarrecidos. Se hoje todos os problemas da Cidade têm de passar pelo Orçamento Participativo, uma mudança como a instalação de uma obra de tamanha responsabilidade não passa por uma discussão da comunidade? É simplesmente lamentável.

Portanto, quero sugerir, em nome da Bancada do PDT, que sejam imediatamente suspensas essas instalações, até por que no ano que vem muda o Governo (Palmas.) e a comunidade tem de participar, sim, tem de ter voz, porque é ela que vai enfrentar esse problema. E nós temos uma entidade como o CONSEPRO de Belém Novo, que também ficou de fora do processo. Por favor! Portanto, têm de ser suspensas imediatamente essas instalações, e tem de ser ouvida a comunidade de Belém Novo. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, queremos saudar a comunidade de Belém Novo pela presença nesta tarde na Câmara Municipal de Porto Alegre, na Casa do Povo de Porto Alegre. Queremos falar da importância da presença do Sr. Alex Jung, além das lideranças de Belém, que trazem aqui o CONSEPRO, e, evidentemente, a informação que o senhor traz à Casa só pode nos levar a lamentar a forma autoritária com que o Governo tem tentado encaminhar uma proposta para a construção de um centro da FEBEM naquela região, desrespeitando o Plano Diretor, ferindo o Código do Meio Ambiente, tendo em vista que a área é uma área de banhado, regulamentada por uma legislação conquistada pelos ambientalistas. E também pela falta de diálogo com a comunidade, que definiu a proposta, por parte do Governo, sem sintonia com Belém Novo. A sua presença aqui faz com que a Câmara, conhecendo melhor essa questão, tenha uma atuação efetiva na busca da solução desse problema. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente Ver. Reginaldo Pujol, a nossa saudação ao Dr. Alex Jung, que representa a comunidade de Belém Novo. Em meu nome, e em nome do Líder da nossa Bancada, Ver. Fernando Záchia, quero dizer que não somente conhecemos esse assunto como temos trabalhado, junto com a comunidade, ao longo de um tempo, e quero abordá-lo sob dois aspectos: sob o aspecto político e sob a questão técnica. Tenho o entendimento de que as questões técnicas estão sempre subordinadas às questões políticas, portanto a questão política é sempre um pouco mais valorada.

 A primeira questão que há que se dizer é que a recuperação de menores é um desejo de todos nós, de qualquer cidadão, Vereador ou não Vereador, e essa é uma questão que deve ser sublinhada em qualquer debate, e também neste debate. Mas, essa é a questão do pano de fundo.

A questão da localização, do encaminhamento dessa matéria, me parece que é uma questão muito mais de encaminhamento, porque para se colocar uma bica d’água nesta Cidade ou para calçar um metro de rua nesta Cidade, o cidadão tem que passar, às vezes, um ano, dois anos, freqüentando CTG, freqüentando igrejas, ou freqüentando um salão, para poder discutir e levar a sua demanda. Agora, um equipamento público dessa envergadura, e nós tivemos uma reunião em que foram a Presidente da FEBEM, Deputados Federais, Vereadores, como o Pujol e tantos outros, com mais de mil pessoas, e por unanimidade do conjunto da sociedade, nós queremos discutir e encontrar alternativas. Mas o que o Governo fez? O Governo simplesmente sonegou esse debate ao longo de todo esse tempo. Então me parece, Sr. Presidente, que há uma questão muito objetiva. Há um ferimento, porque uma Lei Complementar, que é a Lei n.º 434, do Plano Diretor, não pode ser alterada por Decreto, pois isso é ferir de morte a relação entre os Poderes. Esta Casa precisa instaurar...

Vamos encaminhar para a Comissão de Constituição e Justiça, e o Requerimento já fica aqui formulado para que se instaure o devido processo, porque esta Casa tem de tomar providências. Não se pode alterar regime urbanístico por decreto, senão amanhã eu vou fazer na Vila Nova, no Sarandi ou no Belém. Eu acho que há uma questão política, além de ser técnica, a ser encaminhada. Nós precisamos encontrar um caminho fruto da boa discussão.

O Governo é assim: ele tem um discurso na televisão a favor do diálogo, e na prática ele sonega o diálogo e o debate de matérias como essa, e isso nós não podemos aceitar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Solicito ao Ver. Sebastião Melo que diligencie no encaminhamento do Requerimento à Mesa para que ele possa ser devidamente registrado e para que possa surtir os efeitos recomendáveis.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, boa tarde ao Sr. Alex Jung e a toda a comunidade do Belém. Não vou nem do lado técnico, nem do lado político. Eu acho que quando uma lei não é respeitada eu também não posso respeitar “canetaço” que vem do Executivo. Eu não aceito; não porque seja Belém, não porque seja Ponta Grossa, Humaitá, seja lá o que for. No Município de Porto Alegre, enquanto eu for Vereador, eu espero que as coisas passem por esta Casa; têm que passar por aqui, têm que se discutir, têm de ser feitos estudos, como disse o Ver. Beto Moesch. Mas o PT já deveria saber, e principalmente o Sr. Tarso, que não é com imposição que se faz política e que vamos fazer alguma coisa. Isso que o senhor disse, Sr. Alex: “Aqui mais uma obra decidida com a participação popular”, isso não é piada não. Isso para mim é sacanagem! Tem de parar... (Palmas.)

Eu quero colocar a parte que me toca como Vereador do Município de Porto Alegre, o meu gabinete, à disposição, e me colocar à disposição para o que for preciso, e o meu pedido em nome desta Casa: parar com a instalação e decidir - imposição nunca mais! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Ver. Reginaldo Pujol, Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queremos saudar a presença dos Srs. Breno de Ávila Almeida e Alex Jung e dizer que já vimos, mais ou menos, em Teresópolis um caso semelhante, onde a casa do Comandante foi transformada num albergue. A comunidade se movimentou, reclamou, reivindicou para que não se fizesse aquilo, até porque Teresópolis já tem outros albergues, e a Associação do bairro não foi ouvida. Nesse aspecto, nós sentimos que o Orçamento Participativo não participa, a Câmara Municipal não participa, as associações de bairro não participam, e aí vem a imposição do Executivo.

Então, eu e o Ver. Elói Guimarães, da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, estamos solidários com essa comunidade, porque este Vereador já sentiu, na pele, naquele bairro. Nós temos que ter muito cuidado, porque esta Casa é do povo, o Orçamento Participativo dizem que é do povo, as associações de bairro têm pouca participação junto ao Executivo; então, por isso, nós somos solidários para que possamos avaliar melhor essa situação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Uma saudação da nossa Bancada ao Sr. Alex Jung, orador da Tribuna Popular, e à comunidade de Belém Novo. Este tema que vem a esta Casa não é um tema novo, é um tema que já passou por discussão, inclusive na Comissão dos Direitos Humanos no ano passado. O que o senhor traz é uma interpretação do Plano Diretor, que, ao meu ver, parece ser equivocada. Mesmo que fosse acertada, eu queria dizer que pior que violar as normas é violar princípios. E eu acho que é disso que nós falamos, principalmente quando o Ver. Sebastião Melo aponta a questão política. Eu queria lembrar que a FASE está no seu processo de reordenamento por uma questão de uma Lei Federal chamada de Estatuto da Criança e do Adolescente, que, no seu art.112, coloca para o Município, para o Ministério Público, para a Justiça, a aplicação de medidas aos adolescentes que cometem ato infracional. É disto que nós precisamos falar aqui na cidade de Porto Alegre: onde colocar os nossos adolescentes que cometem ato infracional? Nós temos como parceiro, neste momento, o Conselho Estadual do Direito da Criança e do Adolescente e o próprio Ministério da Justiça, que foi lá, que verificou a questão da obra, que verificou todas as questões apontadas aqui na tribuna. Inclusive, a obra foi embargada por uma ação judicial, motivada por uma ação popular, apontando a construção como geradora de efetivo perigo de impacto à natureza. A liminar foi revogada em 26 de setembro de 2002, foi suspensa, e a construção foi mantida. Então, nós temos que falar disto: do que impede essa comunidade, do que impede Porto Alegre de acolher de forma adequada os nossos adolescentes que cometem ato infracional.

Nós sabemos que aquela área lá está dividida em três grandes áreas. A construção será apenas de uma unidade para sessenta adolescentes que cometeram ato infracional, adolescentes da cidade de Porto Alegre... Mais um espaço para a fundação...

 

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereadora, vou suspender a sua fala. Eu lhe asseguro mais um minuto, posteriormente. Eu solicito aos nossos convidados, que já se manifestaram em aplauso àqueles que têm posição solidária a sua, que não são permitidas, pelo nosso Regimento, manifestações de apupo às posições que aqui são externadas. Podem delas discordar, o silêncio é a resposta, como o aplauso foi a resposta anteriormente. V. Ex.ª tem mais um minuto, Ver.ª Maria Celeste. Agradecerei a compreensão de todos.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Muito obrigada, Sr. Presidente. Eu gostaria de ir concluindo, dizendo que aquela área de 55ha tem destinada uma parte para a Fundação de Proteção Especial, ou seja, a construção dos abrigos, a questão dos internos que estão lá, que já têm um abrigo na questão da saúde mental – conhecida essa discussão na comunidade –, uma unidade apenas para sessenta adolescentes – projeto mostrado aqui na Comissão dos Direitos Humanos do ano passado. O restante da área é patrimônio do Estado.

Eu fico muito preocupada com todas essas manifestações, pois parece que nós não queremos cuidar adequadamente dos nossos adolescentes, parece que nós estamos muito mais preocupados com a questão ambiental, com a questão do Plano Diretor e não estamos preocupados com os nossos adolescentes infratores. Agradeço pela sua tolerância, Sr. Presidente. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a nossa saudação ao Sr. Alex Jung, do CONSEPRO de Belém Novo. Vou separar a minha intervenção em dois momentos. Primeiro, o nosso entendimento da justeza e da necessidade da construção de centro de atendimento socioeducativo, como o Centro da Juventude da FASE, assim por diante. Precisamos enfrentar o problema dos jovens infratores sem preconceito, sem prevenções, porque são pessoas que devem ser reintegradas à sociedade. Neste sentido, é importante o que a Câmara Municipal de Porto Alegre está fazendo, para possibilitar o trabalho de alunos egressos dos cursos de jardinagem e assim por diante. Esse é um ponto, e espero que a comunidade não tenha restrições a esse tipo de empreendimento.

O segundo ponto: é necessário, nesses casos, no nosso entender, um diálogo com a comunidade, é necessário respeito às normas urbanísticas e às normas do meio ambiente.

A Bancada do PC do B está tomando conhecimento no dia de hoje. Estamos abertos, resguardada a nossa visão da necessidade da implantação desses centros, para examinar os problemas, as inadequações que porventura existam e para contribuir para uma solução correta do problema. Esta a mensagem do PC do B. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Sr. Alex Jung, comunidade presente, Srs. Vereadores. Sr. Presidente, quanto ao mérito da questão levantada pelo representante do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública de Belém Novo - o CONSEPRO de Belém Novo -, parece-me que está fora de qualquer discussão aqui o princípio de que - até dentro do espírito discursado, tradicionalmente, pela Frente Popular -, a comunidade deveria ter sido ouvida. E não o foi. Agora, o que me preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é, sobretudo, a questão legal. Da exposição do Sr. Alex Jung e do que eu conversei com ele fora do Plenário, anteriormente - existem, inclusive, ações correndo, que vão ter sentenças daqui a pouco, em parte já apoiadas, e em outra, parcialmente, desapoiadas -, a mim preocupa é o desrespeito com esta Casa, é a falta do cumprimento de Legislação.

Sr. Presidente, vou pedir desculpas ao Ver. Pujol, mas como vou encaminhar um Requerimento da minha fala, eu gostaria de ter a atenção do Ver. Pujol, no meu nome pessoal e em nome do Ver. Paulo Brum, pedindo desculpas ao Ver. Haroldo - mas vou fazer um Requerimento formal - eu queria pedir que fosse, a partir de agora, formado um processo interno na Casa, aberto a partir do discurso do Sr. Alex Jung, que a taquigrafia recolheu, solicitando um parecer prévio da nossa Procuradoria sobre a questão legal que o Sr. Alex Jung levanta: se o Prefeito Tarso Genro tinha ou não poder para fazer por decreto as modificações que fez. (Palmas.)

Por que eu coloco isso? Porque, evidentemente, se o Prefeito usurpou das suas funções, ou melhor, o ex-Prefeito usurpou das suas funções, evidentemente, é nulo tudo o que a partir daí foi feito, e caberá, então, a esta Casa, fazer o respectivo decreto legislativo de nulidade.

Se tivermos dúvidas, vamos discutir. Qual é a base? É a Lei Orgânica, é, exatamente, o Plano Diretor, e me parece que aí não cabe muita tergiversação.

Então, na minha intervenção, faço apenas este Requerimento a V. Ex.ª: que se constitua um processo, pela Diretoria Legislativa, a partir da intervenção do Sr. Alex Jung, pedindo-se – e aí eu acrescento isso por escrito, como Requerimento desta Liderança – um parecer formal da Auditoria. E se, eventualmente, entender o Partido dos Trabalhadores que se peça depois, também, audiência na Comissão de Justiça, não haverá nenhum problema, para que se tenha um embasamento legal, porque, quanto ao mérito, eu não tenho a menor dúvida quanto à procedência da queixa trazida aqui pelos representantes do CONSEPRO de Belém Novo. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de passar a palavra ao Ver. Luiz Braz, inscrito pelo PFL para sua manifestação, solicito ao Ver. Antonio Hohlfeldt que formalize o seu Requerimento, porque entendemos que ele seja compatível com o Requerimento que chegou às nossas mãos, do Ver. Sebastião Melo, que requer, frente às manifestações do Sr. Alex Jung, na Tribuna Popular, na tarde de hoje, 21 de novembro de 2002, destacando que o regime urbanístico do Bairro Belém Novo foi alterado por decreto para a construção de equipamento público da FEBEM – FASE -, que a Comissão de Constituição e Justiça desta Casa emita parecer, em caráter de urgência, sobre a matéria em tela, para fins de providências legais. V. Ex.ª requer audiência da Procuradoria, Ver. Antonio Hohlfeldt?

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, eu acho que uma coisa não contradiz a outra.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Exatamente. Se V. Ex.ª nos encaminhar, nós deferiremos em conjunto, para que, paralelamente, se manifeste o órgão técnico da Casa e a Comissão especializada sobre o assunto pela sua relevância.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu quero cumprimentar o Sr. Alex Jung e todos os moradores do Lami presentes aqui, e do Bairro Belém Novo. Quero dizer que eu me considero, pela experiência de vinte anos que tenho nesta Casa, especialista em Plano Diretor e Lei Orgânica. A Lei Orgânica do nosso Município diz com todas as letras que, quando temos de alterar o regime urbanístico, precisamos de Lei. Está lá na nossa Lei Orgânica que a alteração do regime urbanístico é uma das matérias que têm iniciativa, inclusive, dos próprios Vereadores. A Câmara de Vereadores pode propor uma alteração de regime urbanístico. Quem não pode propor alteração de regime urbanístico é o Executivo por meio de decretos. Isso não existe. Isso é coisa de ditadura. Isso não é coisa de democracia. (Palmas.)

Nós, que zelamos pelo cumprimento da Legislação, temos de amparar esses moradores da Zona Sul da nossa Cidade, para que eles possam ver cumprida a Legislação, não em detrimento deles, mas que vejam cumprida a Legislação para que os seus direitos possam ser garantidos. O que está acontecendo agora é um grande absurdo. Esse Decreto é um desrespeito para com esta Casa e para com aquela comunidade. Acho que, de forma alguma, como Câmara de Vereadores, como órgão legislativo do nosso Município, podemos deixar continuar esse absurdo, que é esse Decreto. Nós temos que fazer com que a Lei seja respeitada, com que a Lei seja cumprida, e, muito mais do que isso, que esta Casa, que este Poder Legislativo seja respeitado pelo Executivo. O Executivo tem o costume de fazer decretos ao alvedrio da Lei Orgânica. Não podemos mais consentir que isso aconteça. Quem tem o direito de mudar o regime urbanístico é a Legislação, e a Legislação pode ser proposta, inclusive, por Vereadores desta Casa. Isso está bem escrito em toda a nossa Legislação. Todo o arcabouço legislativo do País leva a isso. E, infelizmente, aqui em Porto Alegre, nós conseguimos contrariar esses direitos, fazendo com que os cidadãos da Zona Sul tenham todo esse desprazer de ver, de repente, a sua região ser palco de algo que vai, realmente, transtornar toda a sua vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a manifestação do Ver. Luiz Braz, pela Bancada do PFL, encerram-se as inscrições, com isso dez representações partidárias se fizeram ouvir, manifestando as suas posições, eventualmente até com posições contrárias umas das outras, mas todas absolutamente, rigorosamente, dentro do tema concertado, o que enfatiza, de forma profunda, a relevância do tema e a forma eficiente, cavalheira e sobretudo inteligente com que ele foi abordado da tribuna, cumprindo por inteiro o objetivo desse período da Câmara Municipal, que é aproximar a comunidade, as suas reivindicações, com este órgão de representação política da Cidade. Por isso, quero, ao cumprimentar o ilustre representante do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública de Belém Novo, Sr. Alex Jung, cumprimentar toda a comunidade que de forma muito expressiva se fez representar, nesta tarde, na Câmara Municipal.

Informo ainda, por derradeiro, que aguardo o encaminhamento do Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt a respeito da consulta à Procuradoria da Casa, o qual eu irei deferir de plano, já que é parte da nossa competência regimental.

Quanto ao Requerimento do Ver. Sebastião Melo, pela sua natureza, eu entendo que ele esteja enquadrado no art. 94, que estabelece, no item “j”, que o mesmo deve ser previamente deliberado pelo Plenário. Estou recebendo, protocolando e determinando que ele se inclua nas matérias a serem, na Ordem do Dia, objeto de deliberação deste Plenário. Feito isso, eu quero agradecer ao representante do CONSEPRO/Belém Novo pela sua presença e colocar esta Casa à disposição da comunidade de Belém Novo e de todo o extremo sul de Porto Alegre e suspender a Sessão por um minuto a fim de que nós possamos fazer as nossas despedidas dos representantes da comunidade de Belém Novo que nos deram o prazer de sua presença na tarde de hoje.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h02min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 15h07min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3248/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 203/02, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que dispõe sobre a distribuição de medicamentos genéricos a pacientes, comprovadamente carentes, portadores de enfermidades crônicas.

 

PROC. 3283/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 110/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que concede o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre à Atriz Julia Lemmertz Dias Borges.

 

PROC. 3299/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 206/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Rua Rio Maria um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Cascata.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3013/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 017/02, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “inter-vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos.

 

PROC. 3153/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 196/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que obriga as empresas revendedoras de pneus a recolhê-los quando inutilizados ou velhos, mediante a apresentação da nota de compra, dando a esses pneus destinação sem causar poluição ambiental.

 

PROC. 3154/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 068/02, que autoriza a alienação aos lindeiros Adolpho Kurth Hanke, Elizabeth Campana de Souza Lima, Adriana Mota da Silva Barcellos e Vicente Ferreira de Lima, de imóvel próprio municipal localizado no loteamento Três Figueiras, destinado a passagem de pedestres número 05, entre as Ruas Desembargador Hugo Candal e Coronel Assis.

 

PROC. 3157/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 103/02, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que institui o Prêmio Vânia Araújo Machado, que será concedido a mulheres que se tenham destacado por sua luta na defesa dos direitos das mulheres.

PROC. 3262/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 205/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Praça Albert Sabin um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Santana.

 

PROC. 3317/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 209/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto alegre ao Professor Doutor Donaldo Schüler.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Carlos Alberto Garcia, presidindo os trabalhos desta Sessão, colegas Vereadoras, Srs. Vereadores, cidadãs e cidadãos de Porto Alegre. Está em 3.ª Sessão de Pauta Projeto de nossa autoria sobre o destino final dos pneus, pneus velhos e usados que hoje são largados no ambiente, deteriorando o ambiente, trazendo gravíssimos problemas para a população. Repito o que já disse em outra feita, em recente campanha contra a dengue, que sempre aparece quando se trata da questão do combate ao mosquito da dengue, o destino dos pneus velhos, pneus que são jogados na natureza, e que demoram quinhentos ou mais anos para se deteriorarem e, enquanto isso, nós temos uma bela Legislação Federal, mas que não adianta absolutamente nada, porque ela diz que as empresas fabricantes devem receber os pneus de volta. Onde estão as empresas fabricantes, onde estão instaladas? Como, nós, cidadãos, aqui, ao comprarmos um pneu para colocar em nosso carro, vamos saber qual é o fabricante e para quem devolver, se a nota - quando dão a nota -, é de uma revendedora? Pois o nosso Projeto estabelece que a responsabilidade local é com o revendedor que compra e repassa, e o consumidor, portanto, ao usar o pneu velho, devolve ao revendedor e este passa ao fabricante. Esse é o caminho pelo qual veio o pneu e este terá que ser o caminho de volta, nada mais lógico, nada mais justo, porque é uma Lei Federal que tem, sem dúvida nenhuma, uma belíssima e boa intenção, mas que de nada serve, porque não tem aplicabilidade real. Portanto, eu chamo a atenção das senhoras e dos senhores para esta questão do destino final dos pneus usados.

Aproveito também para lembrar um outro Projeto de Lei que está na Pauta, sobre a “gibiteca”. Estou propondo que em todas as escolas municipais, para cada cinco livros, haja um gibi, e que seja instalada junto à biblioteca, na mesma sala, sala contígua, conforme as condições de cada escola, uma “gibiteca”. Eu li, inclusive hoje, ainda, que, em São Paulo, o SESI instala uma “gibiteca” aberta e isso tem, sem dúvida nenhuma, uma boa razão de ser, porque muitas pessoas conseguiram se alfabetizar lendo gibi. Nós, portanto, estamos aqui insistindo para que no Município de Porto Alegre caminhemos para que em cada escola tenha uma “gibiteca”. São esses, portanto, os dois Projetos que trago à consideração das senhoras e dos senhores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado, Ver. Adeli Sell, o próximo Vereador inscrito era este Vereador, mas, por estar presidindo os trabalhos, declino.

A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Vereador na presidência dos trabalhos na tarde de hoje, Ver. Carlos Alberto Garcia, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, gostaria de discutir um Projeto que se encontra na Pauta de hoje, o Projeto da Ver.ª Sofia Cavedon, que institui o prêmio Vânia Araújo a ser concedido a mulheres que se têm destacado por sua luta na defesa do direito das mulheres. Quero dizer do reconhecimento que todas nós, mulheres, temos por esta grande companheira Vânia Araújo, que morreu de uma forma muito trágica. Morreu de parto.

Vânia Araújo nasceu em 10 de fevereiro de 1965, formando-se em Educação Física pela UFRGS, fazendo mestrado em Educação na mesma Universidade. Mais do que isso, marcou sua vida pela luta na defesa dos direitos das mulheres, principalmente na cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul.

Vânia foi a primeira Coordenadora da então Coordenadoria da Mulher do Estado, criada no Governo de Olívio Dutra. Uma mulher que desempenhou a sua luta na igualdade entre mulheres e homens e conquistas nesse terreno, sem dúvida, um dos grandes marcos desse início de milênio, desse início de século. Todas essas conquistas, Vânia lutou em sua vida para que todas as mulheres tivessem o direito à dignidade. Mulheres que continuam sendo violadas diariamente, mulheres que trabalham, mulheres que estudam, mulheres que vivem com seus filhos nas mais diversas profissões. E, lamentavelmente, a situação da mulher - apesar da luta da nossa companheira Vânia e de tantas outras Marias, Margaridas, Reginas que andam na luta diária contra a violência contra a mulher - tende a aumentar cada vez mais.

Na questão da violência, a cada cinco dias de falta da mulher no trabalho, um deles é decorrente da violência sofrida no seu próprio lar; a cada quinze segundos, uma mulher é espancada no Brasil. Na América Latina e no Caribe, a violência doméstica incide sobre 25 a 50% das mulheres e compromete 14,6% do Produto Interno Bruto. Setenta por cento dos incidentes ocorrem dentro de casa e o agressor é o próprio marido ou o companheiro. Uma realidade difícil para todas nós, uma realidade que traz uma reflexão importante, e é isso que este prêmio, proposto pela Ver.ª Sofia Cavedon, nos faz lembrar; nos faz refletir sobre a importância de continuarmos na luta da violência contra as mulheres.

Quero fazer uma referência especial à mulher negra, já que hoje, quero demarcar nesta tribuna, é o Dia da Consciência Negra no nosso País. Dos dados do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial, as mulheres negras têm a pior remuneração do mercado. Estão na base da pirâmide socioeconômica e chegam a receber um terço do que um homem branco com a mesma escolaridade recebe. De acordo com esta pesquisa, em cargos de direção e planejamento, as mulheres negras ocupam 5% das vagas. Já, dos cargos sem qualificação, elas ocupam 30% do total. Então, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, a situação é muito mais difícil para as nossas companheiras negras.

Nós queremos dizer que este Projeto vem ao encontro de uma ansiedade de todas nós, mulheres, da Bancada feminina, do reconhecimento a uma companheira que lutou, como Vânia, e do reconhecimento a instituir nesta Casa um prêmio desta envergadura a mulheres que no seu cotidiano lutam sempre na defesa de uma igualdade social entre homens e mulheres na nossa Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Garcia): O Ver. Raul Carrion esta com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Carlos Garcia que preside os trabalhos, demais Vereadores, Vereadoras, todos que acompanham os trabalhos no dia de hoje e os que nos acompanham através da TV Câmara. Queria-me referir nesta discussão de Pauta a quatro Projetos que entendo meritórios.

O primeiro deles é o Projeto de Lei Complementar n.º 017/02, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que propõe a possibilidade do parcelamento do ITBI, Imposto de Transmissão de Bens e Imóveis. Na verdade, hoje, este imposto, salvo algumas exceções, é em torno de 3% do valor do imóvel. Se considerarmos que a pessoa ao adquirir o imóvel tem que fazer o registro, custos de tabelionato, que atingem mais 1%, nós teremos um gasto, hoje, que tem que ser pago à vista, em torno de 4% do valor do imóvel. Todo o imóvel tem um valor razoável. Então, nós acompanhamos em muitos momentos, muitas lutas, até da moradia, como no caso do Jardim Leopoldina, como no caso do Parque dos Maias, a dificuldade que os moradores têm e tiveram em pagar o ITBI à vista. Então, a proposta do Ver. Estilac de permitir o seu parcelamento em até doze prestações mensais, desde que a parcela seja superior a 40 UFMs, para evitar os gastos burocráticos elevados, parece-nos de relevância e de alcance social.

O segundo Projeto a que queríamos fazer referência também, que consideramos válido, é o Projeto do Ver. Adeli Sell sobre a questão do destino dos pneus velhos, onde, hoje, existe uma norma nacional que coloca a questão para os fabricantes, mas, evidentemente, uma solução muito difícil o encaminhamento para os fabricantes. Parece-nos que a idéia de que as empresas revendedoras sejam obrigadas a recebê-los, mediante a apresentação da nota, é importante. Fica de toda a forma uma lacuna que teremos que ver como enfrentar, que é o problema das borracharias, das revendas de pneus velhos que atingem uma grande parcela, porque uma parcela da população adquire pneus recauchutados, pneus usados, mas ainda servíveis, e ficariam sem cobertura. Talvez a discussão e alguma emenda possa se ver, ainda que, em geral, não fique realmente registrado mediante nota fiscal, mas é uma questão para a qual chamo a atenção, porque a idéia e boa e nos cabe aperfeiçoá-la, na medida do possível.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou pedir o seu auxílio, assim como já solicitei do Ver. Sebastião Melo, que também me chamara a atenção sobre esse aspecto. Talvez nós possamos fazer uma emenda que trate especificamente desse pequeno setor e que talvez haja a disponibilização de um local público; enfim, o Ver. Sebastião também quer se pronunciar sobre o assunto, e eu de bom grado aceitarei emendas de V. Ex.ªs. Obrigado.

 

O SR. RAUL CARRION: O objetivo é aperfeiçoar as idéias boas da Casa.

O terceiro Projeto a que vou me referir, que já num aparte no outro dia falei, é o Projeto da Ver.ª Sofia Cavedon, que institui o Prêmio Vânia Araújo Machado e, ao mesmo tempo, fixa a realização da Sessão Solene do Dia da Mulher anualmente. É meritório, mas eu vejo alguns aperfeiçoamentos. O primeiro é que me parece que seria, inclusive, inconstitucional limitar aos Vereadores homens a possibilidade também de concederem esse prêmio, não nos parece que homenagear as mulheres seja um problema unicamente das mulheres; aliás, a luta pela igualdade, pelo direito da mulher é uma luta de ambos os sexos, daqueles que têm uma visão humana. Eu creio que é um defeito que pode ser corrigido, é um prêmio justo que tanto Vereadores como Vereadoras podem encaminhar. O segundo é que, como está limitado em dez ao ano, até chamo atenção das Vereadoras que estão ardorosamente debatendo aqui no Plenário, creio que deveria limitar, no máximo, um por Vereador, porque já há um limite no total; então, ao ano, cada Vereador ou Vereadora poderia apresentar um único.

O último Projeto: só faço referência, ao menos, ao Projeto do Ver. Almerindo Filho que dispõe sobre distribuição de medicamentos genéricos a pacientes comprovadamente carentes, portadores de enfermidades crônicas. Parece-nos um bom Projeto, chamo atenção que, em nível estadual, portanto, do Sistema Estadual de Saúde, já existe um Projeto nesse teor da Deputada Jussara Cony, já aprovado e em execução, e nós iremos fazer algumas propostas de aperfeiçoamento a este Projeto. Era o que a Bancada do PC do B tinha neste momento a encaminhar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Carlos Garcia, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, público que nos honra com a presença, nós temos hoje aqui vários projetos, como sempre, na nossa Pauta, mas gostaria de destacar, em primeiro lugar, o Projeto de autoria do Ver. Adeli Sell. Ele traz um Projeto a esta Casa que... Na verdade, se a legislação nacional fosse cumprida - como bem disse o Ver. Raul Carrion –, esta questão já estaria, de certa forma, resolvida. Mas como sempre, no nosso País, há leis, centenas, dezenas de leis, e estas não são cumpridas. Elas são muito festejadas quando da sua promulgação, mas, logo em seguida, caem no esquecimento. O Projeto é meritório, porque tenta fazer com que as empresas que revendem e que também são recapadoras de pneus, as borracharias possam dar um destino a este produto. No que diz respeito a grandes empresas, acho que isso pode ter um tratamento direto com os fabricantes, e eles suportam isso, até porque as empresas fabricantes de pneus são, na sua maioria, multinacionais. Portanto, são empresas com grande suporte financeiro, e acho que elas podem e devem dar esta extraordinária contribuição.

Por outro lado, este Projeto tem de ser aperfeiçoado, porque os pequenos, os médios e os bem pequenos não têm uma estrutura, a não ser que o Poder Público a ofereça, e aí entra efetivamente a correção deste Projeto. O Departamento Municipal de Limpeza precisa colocar esta opção, talvez em localidades da Cidade ou estabelecendo que recolherá uma ou duas vezes por mês, nas devidas empresas cadastradas. A forma, não sei, ela ainda tem de ser debatida, mas se o Projeto for aprovado desta maneira - e ele é um bom Projeto - ele pode-se tornar inócuo. E uma legislação que tem este mérito não pode ser aprovada para cair no esquecimento.

Portanto, queremos dizer que vamos, sim, colaborar, analisar, discutir coletivamente, no sentido de aperfeiçoar este Projeto, porque achamos que ele contribui com a cidadania, com o meio ambiente de uma Cidade que busca alternativas e que ainda está muito longe de ser uma Cidade que esteja no contexto da preservação ecológica.

Ademais, são vários outros Projetos aqui na Pauta, que evidentemente pautam esta discussão, mas eu ficaria por aqui, porque acho que este, dos Projetos aqui elencados, é aquele que, a mim, pelo menos, desperta maior interesse; os outros também são meritórios, mas acho que poderemos discuti-los em outro momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o que me leva a utilizar o tempo do meu Partido, PSDB, no dia de hoje é um pedido de socorro feito a mim pela direção da AACD. A AACD é a Associação que atende crianças portadoras de deficiência física. A nossa AACD foi fundada em 10 de agosto de 2000, portanto está com dois anos de pleno funcionamento, e, para os senhores terem uma idéia, atende hoje quinhentas e quarenta crianças com deficiência física, de seis meses a quatorze anos de idade. É um trabalho excelente, reconhecido internacionalmente, pela maneira e pela excelência do atendimento às crianças com deficiência física. Diga-se de passagem que o seu atendimento é feito 80% pelo SUS, portanto, totalmente gratuito.

A AACD foi construída com a verba do segundo Teleton; e queremos dizer que o Teleton, na sua última instância, teve uma arrecadação inédita de 16 milhões de reais, o que possibilitará a construção de mais um centro de reabilitação. Mas o que nos traz a esta tribuna é que a direção da AACD foi autuada pela SMOV e pela Secretaria Municipal da Saúde, SMS, no dia 7 de novembro, e - pasmem, Srs. Vereadores - a SMOV autuou a AACD, e se, até o dia 12 de dezembro, a AACD não conseguir cumprir as exigências que a Secretaria impõe, a penalidade será a sua interdição. Ou seja, irão fechar uma instituição que faz aquilo que os Poderes Públicos Municipal e Estadual não estão fazendo, que é proporcionar às crianças com deficiência física o direito de buscarem a sua inclusão social.

Alguns itens nos deixam pasmos. Foi notificada, porque não existe na AACD acesso para a Av. Cristiano Fischer. Diga-se de passagem, esta Casa aprovou uma lei, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina aquela rua que dá acesso à Av. Cristiano Fischer e que tem o portão de acesso para a AACD, e a Prefeitura Municipal não reconhece esta rua e exige que a AACD faça um acesso direto para a Av. Cristiano Fischer. Imaginem os senhores, crianças com deficiência física, que usam cadeiras de rodas, muitas transportadas no colo pelas mães, tendo acesso direto àquela avenida de alto fluxo, a Cristiano Fischer. E outras coisas mais, como a não execução de espaço para box de estacionamento de carros junto à AACD.

Ora, Srs. Vereadores, isto não condiz com o que clama o Sr. Prefeito Municipal, nosso querido João Verle, que diz que a complementação do seu Governo será pela inclusão social. Mas como fazer a inclusão social, se não se dá o direito para que uma instituição, reconhecida internacionalmente, possa prestar o atendimento a crianças com deficiência física?

Sr. Presidente, a AACD, até agora, passados mais de dois anos, não conseguiu o habite-se da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e, por isso, ela já está sendo penalizada, porque ela não pôde, em 2001 e em 2002, participar de licitação com o Governo Estadual exatamente por falta desse habite-se. Pelo amor de Deus, as razões colocadas por esse auto de infração junto à AACD é de darmos risada; isso mostra a insensibilidade do Poder Público. Eu não quero acreditar que o Prefeito João Verle, que foi Vereador desta Casa, pessoa de alta sensibilidade, que participou conosco recentemente da festividade do segundo aniversário da AACD, colocando-se à disposição da direção para que essa instituição tenha as condições mínimas de funcionamento, faça isso.

Sr. Presidente, a direção da AACD reclama que há três meses – e faço um apelo ao Líder Ver. Marcelo Danéris –, solicita uma audiência com o Prefeito e até agora não a conseguiu. Eu peço ao Vereador para que interceda junto à Prefeitura para que nós possamos achar um meio. Nós estamos apelando à sensibilidade do nosso Prefeito para que essa barbaridade não venha a acontecer.

O auto de infração diz que se até 12 de outubro a AACD não preencher os requisitos, ela será interditada. Onde essas quinhentas e quarenta crianças, na sua maioria carentes, irão ter esse atendimento de excelência que a AACD presta à comunidade de Porto Alegre?

Solicito ao Ver. Marcelo Danéris que interceda junto ao Prefeito para que ele receba a direção da AACD para chegar a uma solução, que é o bem comum, que é o processo da inclusão social, que o Prefeito tanto clama. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Apregoamos o Requerimento do Ver. Sebastião Melo, que solicita votação em destaque, separadamente, das emendas aos PLE n.ºs 062/02, 063/02, 064/02, 065/02 e 066/02.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Carlos Alberto Garcia, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nós temos alguns Projetos na Pauta, em discussão preliminar, que merecem referência, mas eu gostaria de abordar dois Projetos. Um deles é de autoria do Ver. Almerindo Filho e dispõe sobre a distribuição de medicamentos genéricos a pacientes, comprovadamente carentes, portadores de enfermidades crônicas.

Eu quero dizer que já há, no Estado, um serviço de distribuição de medicamentos que não é um serviço de boa qualidade, pois faltam medicamentos, em determinados períodos do ano, para pessoas que sofrem problemas de esclerose múltipla, para pessoas que sofrem problemas de diabete e que deveriam normalmente receber esses medicamentos e ter os medicamentos necessários à sua disposição, mas esses medicamentos sempre estão faltantes.

O Ver. Almerindo quer que o Município de Porto Alegre – e há recursos suficientes para isso – possa distribuir também os medicamentos intitulados como “genéricos” para aquelas pessoas que são doentes e que possuem enfermidades crônicas. Acredito que seja, realmente, um Projeto altamente meritório e que mereça, de nossa parte, toda a atenção, e vamos, com certeza absoluta, ajudar naquilo que for necessário, naquilo que couber a nós, para que o Projeto do Ver. Almerindo Filho possa tramitar com sucesso até o final.

Há um outro Projeto, também do Legislativo, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que altera dispositivos da Lei Complementar n.º 197, que institui e disciplina o Imposto sobre Transmissão “Inter-Vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos. Nós estivemos verificando alguns Processos onde o Imposto “Inter-Vivos” é cobrado, e nós tivemos algumas surpresas. Esse Imposto de Transmissão, o “inter-vivos”, é cobrado sobre a estimativa feita pela Prefeitura Municipal para os imóveis. E veja bem, Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª que tem debatido muito os problemas tributários do Município aqui nesta tribuna, quando nós estamos colocando as alíquotas para um Imposto como esse que é o “inter-vivos”, quando nós estamos discutindo essas alíquotas, nós estamos com a consciência voltada para o fato de que essas alíquotas vão incidir sobre um preço real do imóvel. O que tem acontecido nos últimos Processos é que Prefeitura Municipal não tem sido justa com as pessoas que precisam fazer negócio com os imóveis, com as pessoas que precisam comprar, às vezes, para uso próprio, ou, de repente, porque lidam com esse tipo de negócio, quando ela faz a estimativa – isso V. Ex.ª sabe que aquelas alíquotas incidem sempre sobre a estimativa feita pela Prefeitura Municipal – o faz numa estimativa bem superior ao preço de mercado e isso faz com que as pessoas paguem um imposto extremamente elevado, muito alto. E acredito que nós, como Câmara de Vereadores, precisamos, de alguma forma, interferir neste processo para que a Prefeitura não cometa este tipo de abuso, porque o que está acontecendo é que, com o afã de poder arrecadar, a Prefeitura Municipal está prejudicando uma gama acentuada de moradores desta Cidade.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, eu citei o nome de V. Ex.ª, com prazer forneço o aparte. Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Carlos Alberto Garcia, eu peço a V. Ex.ª que, por favor...

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vereador, é que, infelizmente, terminou o tempo.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Mas é que eu cedi o tempo para o Vereador Juarez.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Eu sei, mas é que nós estamos no Período de Pauta e depois de esgotado o tempo... E o Vereador Juarez Pinheiro vai entender certamente, porque, depois de cinco minutos, nós não podemos...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Garcia, eu não vou dialogar com V. Ex.ª, porque V. Ex.ª preside a Sessão, mas acontece que, quando eu ia ceder o tempo ao Ver. Juarez, nós estávamos absolutamente dentro do tempo, é que V. Ex.ª conversava e não via que eu queria ceder um tempo para o Ver. Juarez.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Por gentileza, então, Vereador.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço ao Presidente e também ao Ver. Luiz Braz pela forma como procedeu agora, esclarecendo a situação ao Presidente. Quero dizer que acho que V. Ex.ª aborda um assunto importante, que é o Imposto Inter-Vivos, mas acho que, por mérito da discussão e pela forma como se estabelece, V. Ex.ª parte do patamar achando que se estima um valor maior dos imóveis, a partir do momento em que faz a comparação com a nossa Planta de Valores, do Município, e a Planta de Valores, V. Ex.ª sabe, hoje oscila em imóveis prediais e terrenos em torno de 30% do valor real; o valor venal, hoje colocado, está muito aquém, mercê de falta de alterações. Talvez por isso é que V. Ex.ª tenha a impressão, como alguém que se preocupa com as questões tributárias, de que se está avaliando de forma superestimada os imóveis, mas, na verdade, este imposto obriga que sejam pagos os impostos com base no valor real do imóvel, que é diferente do que é hoje utilizado para a cobrança do IPTU. Mas, de qualquer forma, é um debate e elogio a forma como V. Ex.ª o estabeleceu.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Obrigado, Ver. Juarez Pinheiro. Eu apenas faço esta referência a este Projeto, porque eu acredito que é obrigação desta Casa verificar o procedimento do Executivo com relação à cobrança deste imposto aqui, que é o Imposto Inter-Vivos, porque neste imposto é exatamente a estimativa da Prefeitura que vai determinar o valor final do imposto a ser pago, e, por isso mesmo, eu acredito que cabe a nós a fiscalização e a correção naquilo que for necessário.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, eu, primeiro, Ver. Elói, queria dizer que, com certeza, nós vamos ouvir algo a respeito aqui da bancada governista, uma vez que eu vejo aqui uma manchete: (Lê.) “Missão do FMI elogia política econômica do Governo Lula.” Com certeza, a Bancada governista deve ter aqui um bom discurso para esta tribuna, porque, ao longo de muitos e muitos anos, nós ouvimos todo um discurso de confronto do Partido dos Trabalhadores em relação a esse órgão internacional.

Mas eu quero ocupar este tempo para falar dos Projetos do Executivo referentes ao IPTU da Cidade. Tenho analisado esses Projetos, Ver. Carlos Pestana. Confesso que tenho reclamado desta Casa - e este é um assunto que, para nós, é recorrente sempre – no sentido de que ela precisa ter um gabinete superior de assessoramento às Bancadas. E, quando eu digo gabinete superior, quero me referir que esse seria composto aí, talvez, de uns três, quatro ou cinco técnicos concursados para analisarem essas matérias, Sr. Presidente, de maior envergadura.

Eu sinto aqui, na média, uma grande desinformação, e sinto uma dificuldade enorme por parte das Bancadas no sentido de poderem adentrar em Projetos dessa envergadura.

O que é que eu depreendi desses Projetos? Vamos começar pelo IPTU rural. Eu acho que ele tem mérito, sim, porque abrange muito mais a área dita, na época, rural, acho que ele estende a área rururbana um pouco mais. E isto, de certa forma, beneficia, porque isenta as propriedades de até 30ha e ao resto estabelece uma alíquota, não sei se bem parecida ou um pouco parecida, como se fosse o ITR. Eu acho que tem mérito ali.

Agora, vamos olhar os outros Projetos: Faces de quarteirão. Eu fiz um cálculo, Ver. Juarez – não fiz, pedi a um cidadão aposentado do Estado, o Sr. Guaragna, que fizesse um cálculo, ele me mandou esse cálculo, e do outro Projeto ele também fez –apontando que determinados locais, Ver. Pedro Américo, nas faces de quarteirão, vão ter aumento de 300 a 400%, determinados imóveis. Então, vamos imaginar que uma área, e existem áreas ali que podem ser 15ha, 10ha... Se este Projeto tiver que ser aprovado, no mínimo, tem que haver um escalonamento, se ele tiver que ser aprovado, porque o cidadão não vai suportar pagar 400%, 300%, de um dia para a noite.

Agora, há um outro Projeto que, aí sim - porque aquele Projeto que veio para cá no ano passado, na minha avaliação, não é IPTU progressivo, mas o que veio agora -, tentando regulamentar uma Lei que há na Casa e adaptar ao Estatuto da Cidade, ele coloca a progressividade no tempo, e esse Projeto tem, sim, mérito, porque ele vai pegar o especulador. Agora, é preciso, Ver. João Dib, se por um lado eu vou pegar o especulador, eu preciso apresentar alternativa do Estatuto da Cidade, que também regulamenta os benefícios para a vila popular. Eu não posso querer regulamentar só o do imposto progressivo e não trazer o outro ao debate. Eu estou propondo aquilo que propus ontem ao Secretário Vieira, que esteve conversando comigo na Comissão, eu proponho, se a Casa assim entender, se os meus pares assim entenderem, que nós posamos promover, na semana que vem, uma reunião, ou ordinária, suspendendo a que nós temos, ou extraordinária, para debater a questão do IPTU, porque penso que falta informação, nós precisamos socializar essas informações, para debater, para ouvir. A Comissão de Finanças e Orçamento tem esse objetivo, ela tem esse fito também de debater essa matéria. Eu penso que nós estaríamos contribuindo, por quê? Porque, lá atrás, o Prefeito que saiu disse que mandaria qualquer alteração em março. Isso não aconteceu. Ora, vem junto com o Orçamento, o tempo é curto, a matéria tem de ser apreciada ou não. Nós precisaríamos enfrentar esse debate. Eu, da minha parte, da nossa parte, estamos prontos para enfrentá-lo, sem preconceito. Achamos que tem mérito, que correções podem ser feitas ou não. Agora, vejo, Ver. Nereu, que há uma desinformação total da matéria. Portanto, eu deixo aqui lançada essa proposta para ser avaliada, e quero dizer que a nossa Comissão se coloca para esse debate. E penso que não é um debate da Comissão da Economia, é um debate da Casa e é um debate que teria que ter o comprometimento dos outros Vereadores. Apenas estou sinalizando, dizendo que acho que pode ser feito inclusive com a parceria com outras Comissões, se assim entenderem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

 O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Câmara Municipal de Porto Alegre comemora a sexta Semana da Consciência Negra, hoje, 20 de novembro, Dia de Zumbi dos Palmares, inclusive feriado em vários Municípios do nosso País. E, ao mesmo tempo, é um dia de reflexão.

E quero trazer alguns dados aqui relativos ao mercado de trabalho do negro do nosso País: Nem todo o pobre é negro, nem todo o negro é pobre, mas o fato é que no Brasil as informações existentes mostram que a população negra se concentra nos patamares inferiores em termos de nível de renda, de acesso aos serviços públicos básicos. Esse fenômeno tem uma relação direta com a situação do mercado de trabalho.

Desde o censo de 1976, quando, pela primeira vez, o IBGE cruzou os dados de cor com temas como salário, moradia e escolaridade, sabemos que o negro e a mulher sofrem discriminação no mercado de trabalho, e ainda a mulher negra é mais discriminada ainda.

A discriminação no mercado de trabalho não é um problema de polícia, mas um problema social. As leis que temos para combater o racismo estão no Código Penal.

A principal conclusão de uma pesquisa realizada em 1998, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Recife e o Distrito Federal é de que é comum que a cor dos trabalhadores negros e negras tenha maior peso do que o seu preparo para o trabalho.

Queremos também abordar a cor no trabalho infantil. Nas regiões metropolitanas, por exemplo, cerca de 53,6% dos jovens negros se dedicam apenas aos estudos; entre os brancos, esse número salta para 72,3%. Comprova-se que o negro vai mais cedo para o mercado de trabalho, criando um verdadeiro círculo vicioso. O salário de chefe de família dos negros é menor do que o salário dos brancos chefes de família, gerando a necessidade de complementação salarial por parte dos filhos. O trabalho prematuro leva o jovem negro a abandonar os estudos, dificultando uma melhor qualificação profissional. Tendo baixa preparação, o jovem se vê obrigado a aceitar qualquer ocupação, percebendo baixos salários e, em pouco tempo, também os seus filhos terão que procurar emprego para ajudar no sustento de casa.

Na Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, se compararmos a situação de trabalhadores negros e brancos com cinco anos de experiência no mesmo emprego, os negros recebem cerca de 30% a menos do que o salário que é pago aos brancos. Esse fato derruba o velho mito de que os negros enfrentariam desvantagem por serem menos preparados do que os brancos. Nesse caso, comprova-se que eles têm o mesmo tempo de serviço, a mesma função, mas recebem, em média, 30% menos de salário.

O desemprego é maior entre os negros. Nas seis regiões pesquisadas, as taxas de desemprego são maiores entre os trabalhadores negros. O tempo de permanência dos negros com mais de quarenta anos no emprego em São Paulo, por exemplo, fica na casa dos oitenta e nove meses contra cento e dezesseis meses para o branco, mostrando que sempre o primeiro a ser demitido também é o negro. Os negros são a maioria nos postos de trabalhos vulneráveis e no chão de fábrica. A proporção de empregadores negros não chega à metade da proporção de empregadores brancos em todas as regiões. Os trabalhadores negros têm de duas a três vezes menos acesso às funções de direção e planejamento. Os trabalhadores negros estão em maior proporção em ocupações não-qualificadas nas atividades de execução e nas atividades de apoio e serviços gerais, os postos vulneráveis. São aqueles trabalhadores que não possuem carteira assinada nem direitos sociais.

Queremos registrar também que o efeito da globalização e do perverso modelo econômico brasileiro atinge desigualmente negros e brancos, agravando ainda mais as condições de vida dos negros e negras. E é por isso que, nos últimos anos, começou-se a discutir a questão das quotas dos negros nas universidades, das quotas dos negros em comerciais - porque o negro é um consumidor como outro, mas não aparece nos comerciais de televisão. Cada vez mais essas alternativas afirmativas mostram que, ao longo do tempo, muito temos de fazer ainda para resolver o problema de desigualdade e etnia no nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Aldacir Oliboni, demais Vereadores, Vereadoras, todos os que nos assistem aqui e em suas casas, 20 de novembro de 1695 - 20 de novembro de 2002; trezentos e sete anos do assassinato de Zumbi dos Palmares, herói da luta pela liberdade no Brasil. A saga dos quilombolas da Serra do Macaco, que resistiram por mais de cem anos no interior de Pernambuco à ordem escravocrata, enfrentando dezenas de expedições, é uma história sem paralelo na humanidade; seja pelo número de anos de resistência, seja pelo número de pessoas envolvidas - o Quilombo dos Palmares chegou a ter cinqüenta mil escravos -, seja pela ampla área geográfica abrangida. Esmagada a sua resistência, na última década do século XVII, o exemplo desses escravos, que preferiram a morte ao cativeiro, continua ecoando no coração e nas mentes de todos os que lutam por uma Brasil livre, soberano e mais justo. Zumbi, o grande herói negro dessa epopéia, sem dúvida simboliza, mais do que ninguém, a luta do nosso povo por liberdade.

Já no início do século XVII, os colonos de Pernambuco que viviam no litoral, falavam e sentiam a presença dos quilombolas de Palmares. Com a invasão holandesa, em 1630, uma quantidade imensa de escravos dos engenhos conseguiu fugir e se deslocar para Palmares, tornando-o cada vez mais poderoso e mais forte.

A primeira expedição de que temos notícia contra os palmarinos já ocorre, organizada pelo Governador-Geral do Brasil, em 1602; apesar da quantidade de tropas, a expedição regressa sem ter conseguido submeter os palmarinos.

Com a invasão holandesa, em 1630, como eu dizia, houve a expansão; e os holandeses organizaram, em 1644, uma grande expedição punitiva, também sem conseguir submetê-los. Em 1645, o início da luta contra os holandeses pela libertação do solo brasileiro ensejou novas fugas de cativos. Quando, em 1654, os holandeses abandonam Recife, as plantações estão semidesertas e o Quilombo de Palmares cresce cada vez mais.

Em fins de 1654, nova expedição do Governador de Pernambuco, sem êxito.

De 1671 a 1678, mais de vinte e cinco expedições também não conseguem derrotar os quilombolas.

É somente em 1695, como havíamos colocado, que, sob a direção de Domingos Jorge Velho, os portugueses conseguem a derrota do Quilombo dos Palmares e a morte de Zumbi, no dia 20 de novembro. Recentemente esta data, 20 de novembro, foi transformada no Dia da Consciência Negra e, a partir daí, passa a ser o dia de referência da luta dos negros, dos explorados e dos oprimidos pela liberdade.

No dia de hoje, esperamos poder votar, na Ordem do Dia, Projeto de nossa iniciativa, transformando o Largo da EPATUR no Largo Zumbi dos Palmares, fazendo uma correção histórica a esse grande herói negro, tendo em vista que, até hoje, a cidade de Porto Alegre não possui um único logradouro com a denominação Zumbi dos Palmares. Para isso, peço o apoio e o voto de todos os colegas desta Casa, pois, tenho certeza, teremos essa votação aprovada por unanimidade, resgatando essa saga tão importante e conquistando um espaço simbólico, o atual Largo da EPATUR, para homenagear Zumbi e, por intermédio dele, o povo negro do nosso País, do nosso Estado e da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Oliboni, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, nós queremos, hoje registrar, aqui, a fala positiva, a fala protagonista do Ver. Sebastião Melo, que inclusive propôs que realizássemos uma reunião com todas as Bancadas para que aspectos do Projeto que faz alterações na Lei que trata do IPTU pudesse, de uma forma mais qualificada, ser abordado por esta Casa.

A Ver.ª Sofia assistiu à intervenção do Ver. Sebastião Melo, que tem sido um crítico, por vezes, a nosso juízo, passando de todos os limites, em relação à Prefeitura - e nós temos feito esse registro. Mas queremos, neste momento, saudar a intervenção do Ver. Sebastião Melo que, na verdade, tem toda uma vinculação com a realidade dos fatos. Do Projeto que está na Comissão de Constituição e Justiça, Ver. Sebastião Melo - de que é Relator o Ver. Nereu D’Avila -, V. Ex.ª abordou com muita propriedade: ele tem dois eixos basilares na sua constituição. O primeiro – eu quero apenas agregar, porque V. Ex.ª fez a intervenção, e bem, sobre a questão da área rururbana -, no que tange à alíquota colocada para a cobrança em áreas superiores a 30 ha, é a menor alíquota que antes vigia relativamente ao ITR. O ITR tinha uma alíquota que ia de 0,03, como a menor alíquota, para outras maiores, e o Projeto estabelece para todas as propriedades essa mesma alíquota, no sentido então de mostrar que o objetivo não é de fisco em relação à área rural, mas de incentivar a produção primária e também de preservação ambiental. Penso que V. Ex.ª falou muito bem.

De outra parte, há uma proposta falada aqui a qual escutei pela primeira vez, relativamente à alteração das faces de quarteirões, Ver. Nereu, que é o Relator da matéria. Essa é uma questão que temos de esclarecer muito bem. Em primeiro lugar, temos de fazer o registro, Ver. Sebastião, de que há, na verdade, um equívoco, na Casa, relativamente à Planta de Valores. Nós falamos que a Planta de Valores é de 1989, mas, na verdade, há alguns anos ela sofreu uma alteração, e ela tem novos valores. Apenas foram colocados redutores que na verdade inviabilizaram os valores. Na prática, Ver. Nereu, o que houve foi que, em 1989, ao ser remetida e constituída a nova Planta de Valores, faltaram dados na constituição do valor venal de cada imóvel, justamente para as faces de quarteirões. E o que gerou – é hoje, Ver. Sebastião Melo - foi que, há dez anos, alguém que tem uma propriedade que é face de quarteirão nesses logradouros paga dez anos menos IPTU que seu vizinho do lado, que em geral tem um imóvel até de menor valor porque não é face de quarteirão. Portanto, o Projeto não trata de aumento de imposto; na verdade, é o menor imposto, menos inclusive do que era pago quando havia área rural.

No que tange às faces de quarteirões, há dez anos há uma injustiça fiscal, porque quem se localiza, Ver. Elói, ao lado de uma face de quarteirão paga mais IPTU do que aquele que, por sorte do destino, se localiza numa face de quarteirão.

Portanto, nós, que temos sido aqui debatedores incansáveis com o Ver. Sebastião Melo, na maioria das vezes, para não dizer 100% das vezes em composições contrárias, quando o Vereador demonstra aqui bom senso e quer debater, quer esclarecer aspectos do processo, Ver. Leal, nós temos também neste momento o dever de justiça de saudar essa intervenção. Acho que a iniciativa é correta, os Vereadores precisam se apropriar de mais detalhes que ainda faltam para que os Vereadores possam-se posicionar, mas é uma iniciativa que engrandece o Parlamento, é uma iniciativa que corrige, Vereador- Líder, no momento, do PMDB, uma injustiça fiscal, porque não é justo que quem tem uma propriedade de menor valor acabe pagando imposto maior do que aquele que tem uma propriedade de maior valor. E a proposta colocada, de escalonamento, eu pela primeira vez a escutei, não tenho juízo de valor sobre ela, mas, de qualquer forma, demonstra a sua disposição de dialogar, o que é saudável num Parlamento. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos registrar a presença do Ver. Célio Dias, Vereador do PT de Blumenau. Seja bem-vindo a nossa Casa, Vereador.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, solicito a suspensão dos trabalhos por alguns minutos para fazermos um acordo de pauta.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Garcia): Deferimos o pedido.

Esta Presidência concede o tempo de três minutos para que as Lideranças possam acertar o ordenamento dos trabalhos e dos Projetos a serem votados.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h10min.)

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 16h20min): Estão reabertos os trabalhos.

Srs. Vereadores, por gentileza, retomando os trabalhos, foi-nos apresentado o seguinte elenco de Projetos para serem votados, nesta ordem, nesta tarde: PLL n.º 115/01, PLL n.º 056/02,PLL n.º 155/02, PR n.º 073/02, PR n.º 077/02, PLL n.º 033/01, PLL n.º 043/02, PLL n.º 049/01, Requerimento n.º 170 e Requerimento do Ver. Sebastião Melo, que vai ser apresentado agora.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, o acordo firmado com o conjunto dos Vereadores é para que o nosso Requerimento seja o segundo para a votação. Não vai haver discussão?

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O que me passaram, Vereador, é que...

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: A nossa proposição é para que o nosso Requerimento seja incluído entre os primeiros, para ouvir a Comissão de Justiça sobre o tema debatido aqui hoje.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Então, vamos fazer o seguinte: esta Presidência vai dar mais um minuto para que as Lideranças acordem, pois verificamos que ainda não está acordado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h22min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 16h30min): Estão reabertos os trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, lerei novamente a ordem dos Projetos para que os Vereadores tomem ciência e, aparentemente, temos um acordo. O primeiro a ser votado é o Requerimento de autoria do Ver. Sebastião Melo, este Requerimento não tem número, porque ingressou agora, depois os seguintes Projetos: PLL n.º 115/01, PLL n.º 056/02, PR n.º 077/02, PLL n.º 043/02, PLL n.º 155/02, PLL n.º 180/97, PR n.º 073/02, PLL n.º 033/01, PLL n.º 049/01.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, pediria apenas que V. Ex.ª repetisse as três primeiras proposições que foram elencadas, por gentileza.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O primeiro é o Requerimento de autoria do Ver. Sebastião Melo; o segundo, o PLL n.º 115/01; o terceiro, PLL n.º 056/02; e o quarto, PR n.º 077/02.

Em votação a ordem dos trabalhos, acordada pelos Srs. Vereadores. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

De imediato Requerimento...

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, nós precisaríamos, no mínimo, de um minuto para que pudéssemos saber o teor dos diversos Projetos, ao menos ler... que nos concedesse um minuto para que pudéssemos...

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vereador, então eu vou ler o Requerimento do Ver. Sebastião Melo e V. Ex.ª vai tomando ciência dos demais Projetos. (Lê.) “Requerimento do Ver. Sebastião Melo: Sr. Presidente, frente às manifestações do Sr. Alex Jung, na Tribuna Popular, na tarde de hoje, 20 de novembro de 2002, destacando-se que o regime urbanístico do Bairro Belém foi alterado por decreto para construção de equipamento público da FEBEM/FASE, requer que a Comissão de Constituição e Justiça desta Casa emita parecer em caráter de urgência sobre a matéria em tela para fins de providências legais. Sala das Sessões, 20 de novembro de 2002, Ver. Sebastião Melo.”

Em votação nominal o Requerimento de autoria do Ver. Sebastião Melo, solicitada pelo Ver. Adeli Sell. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 17 votos SIM, 02 votos NÃO, 06 ABSTENÇÕES.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1989/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que denomina Largo Zumbi dos Palmares um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Cidade Baixa.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 20-11-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL n.° 115/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com o voto contrário do Ver. Haroldo de Souza e com a abstenção do Ver. Adeli Sell.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, acho que V. Ex.ª deveria ler um pouco mais devagar os Projetos, pois é muito difícil acompanharmos, nas diversas páginas, os processos.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Concordo com V. Ex.ª e leremos mais devagar.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1221/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 056/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que institui o Programa de Educação Adicional para Afro-Descendentes de Baixa Renda.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM, em 13-11-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL n.º 056/02. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, em relação ao Projeto que ora encaminhamos, que institui o programa de educação adicional para afro-descendentes de baixa renda, quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, registrar que a matéria tem mérito, a preocupação é correta. Políticas compensatórias de afirmação, que busquem superar a imensa dívida social que temos com os afro-descendentes, são necessárias, são bem-vindas e urgentes. Considerando ainda que estamos na Semana da Consciência Negra, no Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação do Povo Afro-Descendente, é apropriado que se faça o debate. Nós apenas temos a considerar aos Srs. Vereadores que, neste caso, esse é um programa que se destina à formação, à preparação para o vestibular. Portanto, um programa que poderíamos chamar de pós-ensino médio, com um ensino que seria ofertado após o final do ensino médio para fins de vestibular. Está correto, porque nós temos hoje dados que nos mostram que a população negra é extremamente discriminada, é a que em maior número não está na escola, é a que em maior número é analfabeta, é em maior número atingida pela pobreza e quanto mais na universidade nós sabemos que o seu acesso é extremamente restrito. Apenas que não cabe ao Município de Porto Alegre atuar no ensino médio. A Lei é muito clara sobre as responsabilidades do Município de Porto Alegre, quando estabelece que ele é responsável pelo ensino fundamental e educação infantil e veda aos Municípios atuarem em outro nível de ensino se não responderem por toda demanda desses dois níveis de ensino: infantil e fundamental. Quanto a isso nós temos muita tranqüilidade de o Município ter ações importantes que chegam a essa população negra, que está concentrada nas vilas populares de Porto Alegre; toda educação de adultos, através do serviço de educação de jovens e adultos; o movimento de alfabetização.

Nós temos em Porto Alegre apenas duas escolas de ensino médio, e esse trabalho de ensino médio, inclusive, está voltado para a formação de educadores, porque é de responsabilidade do Município a formação dos educadores populares que atuam na educação infantil.

Há impossibilidade de votarmos a favor desse programa, apesar de apoiarmos a iniciativa e acharmos que tem de ser defendida na esfera estadual, porque é de responsabilidade do Estado o ensino médio, e queremos apoiar esse encaminhamento para a esfera estadual, mas não podemos concordar que se coloque como responsabilidade do Município atuar nesse nível de ensino. Apesar do mérito da matéria, ela está na esfera não prevista em Lei. Não que o Município não tenha que ter, e deverá ter, e tem, muitas ações afirmativas relacionadas à questão dos afro-descendentes, em todas as nossas secretarias. Na Secretaria de Educação, quando nós estabelecemos o currículo, construímos o currículo da escola a partir da leitura da realidade, nós estamos buscando e acolhendo a cultura dos nossos povos, que é impregnada da cultura afro-descendente.

Há diferentes maneiras de estar combatendo em fileiras ao lado da luta do povo negro. Achamos que essa não é, na verdade, a possibilidade do Município. É nesse sentido que indicamos o voto da nossa Bancada contrário ao Projeto. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 056/02.

 

 A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria pedir a atenção das Sr.ªs Vereadoras e dos Srs. Vereadores, porque logo mais votaremos um Projeto que eu considero da maior importância na luta pela conquista da igualdade e de oportunidades para a população afro-descendente do nosso Município.

O Projeto que estamos apresentando a esta Casa não é um Projeto construído dentro do meu gabinete. É um Projeto que está em sintonia com as decisões tomadas no Congresso Mundial da ONU, acontecido em Durbana, África do Sul, onde eu tive a honra de representar esta Casa, como delegada oficial brasileira.

Aquele Congresso teve como relatora uma brasileira chamada Édina Rolano. E tem uma frase da Édina Rolano, num relatório que foi divulgado para o mundo inteiro, onde ela diz que “há uma desvantagem histórica dos negros que não pode ser superada apenas com a falsa visão do mérito de cada um”.

Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, todos nós sabemos que a universidade é um gueto elitista e branco e que dela têm sido excluídos os negros brasileiros.

Há trinta anos, o Brasil fez uma pesquisa que demonstrou que apenas 2,3% dos estudantes da Universidade Federal eram negros. Trinta anos depois, a mesma pesquisa apontou que apenas 2,3% dos negros chegam aos bancos das universidades.

Hoje, no Brasil, várias entidades, inclusive aqui em Porto Alegre, como a Satélite Prontidão, têm cursos para afro-descendentes de baixa renda. É uma ação no sentido de facilitar a entrada da população negra de baixa renda nos bancos das universidades. Têm Estados brasileiros, como a Bahia, por exemplo, onde, desde 1982, os Municípios apóiam os cursos adicionais para se contraporem à situação de desigualdade e de falta de oportunidades dos negros aos bancos das universidades.

O que nós estamos querendo com este Projeto é colocar à preocupação da Prefeitura, para que ela apóie os programas que hoje são desenvolvidos em nosso Município, para que os afro-descendentes de baixa renda possam recuperar as perdas e conteúdos que tiveram durante o segundo grau, porque nós sabemos que uma criança de família que não é alfabetizada, ela tem muito mais dificuldade de acompanhar os trabalhos das salas de aula. O que nós queremos é que fique instituído um programa de educação adicional para afro-descendentes de baixa renda em Porto Alegre. E que o programa seja desenvolvido em parceria com entidades educacionais do Movimento Negro organizado, visando à garantia de critérios de elegibilidade dos alunos. Eu queria que a bancada governista pensasse este Projeto como uma forma de contribuição que o Poder Público tem que dar, pode dar às ações que hoje são geridas pela sociedade como uma demanda daqueles que lutam pela igualdade de oportunidades no Brasil.

Eu acredito também que, havendo vontade política, se pode construir, dentro da Prefeitura, ações específicas dentro dos próprios projetos de alfabetização já existentes. Isso não é uma ingerência do Legislativo e do Executivo, é uma responsabilização que a Câmara, enquanto instituição parlamentar, tem de fazer para que a Prefeitura modernize sua ação na luta contra a discriminação e o preconceito. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 056/02.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Carlos Alberto Garcia, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, Ver.ª Clênia, eu quero cumprimentar V. Ex.ª, porque este, com certeza, foi um dos bons projetos que nós tivemos tramitando por esta Casa, e um dos bons projetos que nós vamos ter a oportunidade de votar. Eu só espero, Ver.ª Clênia, que o Executivo Municipal tenha a sensibilidade para implementar essa idéia, para fazer com que a discriminação, que nós sabemos que não é apenas uma retórica, que é alguma coisa verdadeira, real, que essa discriminação possa ceder e não prejudicar tanto os negros, como vem prejudicando através de toda a história.

O que a Ver.ª Clênia quer é algo que vem corrigir – eu acredito – uma falha na condução desse problema dos negros, que vai acabar pior do que está no momento atual.

A política atual diz, em relação às universidades, que nós temos que criar as cotas para os negros. Acontece que o negro, até porque ele está nos locais mais pobres da nossa população, ele é extremamente discriminado e tem pouquíssimas oportunidades de ter uma boa escola, de ter um bom ensino. E por isso, quando ele chega lá no final, quando está no momento de entrar na universidade, ele é extremamente prejudicado, porque ele não tem ainda todos os conhecimentos necessários, que não lhe foram passados pelas más escolas. E por isso o poder de competição do negro com os outros estudantes, realmente, é um poder bem menor.

A Ver.ª Clênia cria alguma coisa que, acredito, é muito sábia, Ver.ª Clênia: em vez de nós estarmos dando as cotas para os negros, porque isso pode causar até uma discriminação maior. Esse negro vai entrar na universidade por meio das cotas; ele vai sair formado, porque as nossas universidades hoje formam todo o mundo, não nega diploma para ninguém; ele vai sair formado e o que vai acontecer com ele é que não vai ter um local no mercado de trabalho. Ele não vai poder trabalhar; ele não vai estar à altura dos profissionais que vão estar no mercado. Isso vai ser muito ruim. Isso vai ser pior do que o que acontece atualmente. O que a Ver.ª Clênia quer é criar um programa de educação adicional para que o negro possa recuperar conteúdos, para que ele possa se preparar, no sentido de equilibrar seus conhecimentos com os outros que tiveram melhores oportunidades do que ele, e quando for para a universidade, ele não vai porque a sociedade lhe deu uma benesse, porque a sociedade lhe concedeu, por meio de uma cota, o direito de ele estar na faculdade. Ele vai para lá, porque ele se preparou e ele está à altura de todos os demais e vai se formar tão bom profissional como todos os demais. Ele não vai ser discriminado, em momento algum, ele vai apenas receber da sociedade, vai receber do Estado aquilo que o Estado deixou de lhe dar através de toda a sua história. Isso lhe foi negado, porque ele não teve direito a uma melhor escola. Ele não teve direito a um melhor ensino. Ele não teve o tempo necessário para se preparar e, com um programa como este, que a Vereadora não poderia definir aqui como seria através de um Projeto, mas seria definido por intermédio da Secretaria da Educação, poderíamos ter uma melhor oportunidade, uma grande oportunidade de preparar esse negro para que ele possa ser tão bom quanto todos os demais, porque, se ele não é bom no momento de entrar na faculdade, não é por ser um ser humano inferior aos outros; é porque ele está numa condição econômica que não lhe concede a oportunidade de se equiparar com os demais.

Com esse Projeto da Ver.ª Clênia, se for realmente bem desenvolvido pela Secretaria da Educação, os negros poderiam ter oportunidade de se prepararem e serem iguais a todos os demais, sem precisar mais passar pelo estágio da discriminação agora na faculdade também, para que eles possam ser tratados como todos os demais e ser profissionais, quando saírem da faculdade, tão bons ou melhores do que os demais. Este Projeto tem de ser aprovado. É uma boa idéia. E, como todas as boas idéias, merece ser desenvolvida e bem desenvolvida. Eu duvido muito que a Secretaria da Educação do Município, a Secretaria do PT, possa desenvolver este programa para favorecer ou para vir a dar essa igualdade aos negros. Mas, em todo o caso, é uma tentativa boa através da aprovação deste Projeto de Lei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em votação nominal o PLL n.º 056/02, solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 16 votos SIM, 9 votos NÃO.

O Ver. Beto Moesch, no dia de ontem, estava de aniversário. Neste momento, queremos, em nome da Casa, entregar uma sincera homenagem e ao mesmo tempo cumprimentá-lo pelo trabalho que V. Ex.ª tem feito em prol da Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em votação o Requerimento s/n.º, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que solicita seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta da CCJ e Comissão de Educação, o PR n.º 107/02, que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Odalgir Alfredo Lazzari. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Apregoamos Requerimento s/n.º, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que incluiu na Ordem do Dia, por força do art. 81, da Lei Orgânica do Município, o PLL n.º 120/02, que revoga a Lei n.º 8.470, que estabeleceu a identificação de raça e etnia nos dados cadastrais da Administração Municipal.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2029/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 077/02, de autoria do Ver. Beto Moesch, que destina Sessão Especial alusiva à comemoração da Semana Mundial do Meio Ambiente. Com Emenda n.º 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CECE. Relator Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da COSMAM. Relator Ver. Mauro Zacher: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 13-11-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PR n.º 077/02, de autoria do Ver. Beto Moesch. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda n.º 01 ao PR n.º 077/02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1111/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 043/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Semana Educativa para Conscientização e Combate à Obesidade no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda n.º 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela rejeição do Projeto e aprovação da Emenda n.º 01;

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da CECE. Relatora Ver.ª Sofia Cavedon: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01;

- da COSMAM. Relator Ver. Ervino Besson: pela aprovação do Projeto e da Emenda n.º 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 30-10-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL n.º 043/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Projeto que encaminhei a esta Casa institui a Semana Educativa para a Conscientização e Combate à Obesidade Mórbida no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

Nós sabemos da importância que tem esse Projeto, uma vez que nós temos, no Município de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul, uma enorme dificuldade de as pessoas obesas terem acesso não só à assistência médica, mas, também, aos serviços, de modo geral, seja em ônibus, seja num táxi, enfim, todas essas dificuldades acabam dificultando a vida dos obesos. E é importante que esta Casa tome a iniciativa de fazer uma semana de discussão anual para poder viabilizar melhores condições de vida para essas pessoas.

Nós sabemos que existem as entidades AGACO e COM. A AGACO é entidade dos obesos e o COM é o Centro de Obesidade Mórbida, em Porto Alegre, que realiza, na verdade, vinte e cinco cirurgias/ano. E essas vinte e cinco cirurgias/ano não são suficientes para atender à demanda. Nós temos, só no Rio Grande do Sul, mais de vinte e cinco mil obesos, e a tendência, como não há um controle da alimentação, é que a cada dia mais aumente esse número. Através da sensibilização dos órgãos públicos e através de uma discussão que poderá ser feita com o conjunto das entidades e comunidades, nós podemos dialogar com o Poder Público para aumentar a cota de cirurgias nesta área. É nesse sentido que estou pedindo a sensibilidade dos nobres pares para aprovar este Projeto, porque ele contribui, sensivelmente, para ampliar e melhorar, como também para qualificar o atendimento aos obesos do Estado do Rio Grande do Sul e, de modo especial, de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Ervino Besson esta com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 043/02.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também as pessoas em suas casas que nos assistem pela TV Câmara, eu queria saudar todos.

Ver. Oliboni eu quero saudar V. Ex.ª pela iniciativa deste Projeto. Conforme V. Ex.ª se pronunciou nesta tribuna, nós temos hoje vinte e cinco mil obesos em Porto Alegre.

E eu sou testemunha disso, porque já fiz um pronunciamento nesta tribuna sobre a dificuldade dessas pessoas, Vereador. Há alguns meses eu me pronunciei nesta tribuna, quando nosso amigo, nosso irmão Jangada... Muito dos senhores devem se lembrar da época das lutas livres: o Jangada era uma pessoa obesa, e, durante o seu longo tempo de enfermidade, seus familiares, amigos e vizinhança enfrentaram grandes dificuldades para que ele tivesse um tratamento digno. Poucos hospitais na nossa Cidade tinham estrutura para isso; não sei se hoje todos os hospitais têm estrutura para atender uma pessoa obesa, por exemplo, do tamanho que era o nosso sempre querido e inesquecível Jangada.

Como eu disse, naquela época, nesta tribuna, foi depois de ter apelado para alguns hospitais, enfrentando grandes dificuldades, que os familiares conseguiram internar o Jangada. Já destaquei nesta tribuna, e aproveito hoje para destacar novamente, que o Hospital da ULBRA, na Álvaro Alvim, teve condições de atender o Jangada e dar, pelo menos, o atendimento digno que um ser humano necessita, pelo menos na hora do seu sofrimento. O Jangada teve, lamentavelmente, um grande sofrimento que marcou muito o coração dos seus amigos, inclusive deste Vereador, que, seguidamente, visitava o Jangada.

Portanto, Ver. Oliboni, saúdo V. Ex.ª pela iniciativa, pois acho que é um belo Projeto, e não temos dúvida de que a Casa o votará por unanimidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 043/02.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, nós temos aprovado, neste exercício, talvez um número nunca ainda alcançado pela Câmara de Vereadores de criação de Semanas, de criação de homenagens a questões importantes, no sentido de mobilizar a sociedade e chamar à colação da sociedade a importância de diversos temas. Esse tema, Ver. Leal - V. Ex.ª que tem militado na Comissão de Saúde ao longo desses anos todos, como psicólogo, também -, é um tema que merecia a iniciativa do Ver. Oliboni. Não é um tema de menor importância, ao contrário, a questão da obesidade, hoje, está sendo discutida no âmbito da Organização Mundial da Saúde como uma das principais patologias, porque o que V. Ex.ª trouxe à colação, aqui, é a questão da obesidade mórbida, ou seja, o IMC - Índice de Massa Corporal - acima de 30%, e isso é considerado pela Organização Mundial da Saúde, hoje, como uma verdadeira epidemia. Em torno, Ver.ª Maria Celeste - V. Ex.ª que não tem este problema, ao contrário, é extremamente elegante -, de 50% das mulheres - e não há discriminação nisso -, nos Estados Unidos, pesam, no mínimo, de 20 a 30% acima do peso considerado ideal. E o que chama mais atenção, Ver. Leal, o que eu chamava à colação, é que são principalmente os pobres os que são afetados por esta epidemia, a questão da obesidade mórbida, porque são pessoas que têm mais dificuldades de buscar alimentos mais qualificados, de ter alimentação mais adequada. Eles se alimentam de farináceos, principalmente, que são mais baratos, e, mercê disso, adquirem essa patologia que lhes impede ter acesso aos valores mais importantes, e também mínimos, da vida em sociedade, como, às vezes, até se deslocarem de um ponto ao outro, freqüentarem uma atividade cultural e cumprirem compromissos, inclusive de ordem profissional.

O Ver. Dr. Goulart, que é médico e também membro da Comissão de Saúde, sabe que isso é uma epidemia hoje que afeta principalmente os países mais pobres. E a lembrança do Ver. Oliboni, que é um militante na área da saúde, tem, portanto, uma justificativa de mérito bastante forte, e fará com que, durante essa Semana, se possa chamar a atenção do Poder Público no sentido da obrigação de se criarem políticas em defesa dessas pessoas, que são em grande número; também, Vereador, chamar atenção de forma a evitar que a população, as pessoas, homens e mulheres avancem nessa patologia e cheguem ao estágio que é colocado por V. Ex.ª, que é a obesidade mórbida.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte?

 

 O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª não pode ter aparte porque é encaminhamento de votação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Perdão, estou em fase de encaminhamento.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Mas V. Ex.ª pode encaminhar, Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O Ver. Pedro Américo Leal talvez encaminhe a matéria. Portanto, Ver. Oliboni, V. Ex.ª está tratando de um assunto de saúde pública. Essa patologia afeta a felicidade de milhares de pessoas, em todas as cidades e, como já disse, principalmente as pessoas de baixa renda, que têm uma alimentação menos qualificada. V. Ex.ª está trazendo à colação um problema novo, que recentemente foi colocado como epidemia pela Organização Mundial de Saúde, e só faz isso mercê da sua militância nas questões da saúde e do seu senso acurado com as questões que afetam a maioria da população.

A Bancada, por óbvio, encaminha favoravelmente, Ver. Dr. Goulart, num assunto que é de saúde pública e que afeta, portanto, milhares de pessoas.

Concluo, Presidente, para dizer que inclusive esta Casa teve uma lei pioneira em nível nacional, feita pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, na outra Legislatura, no sentido de que pessoas que possuam essa patologia, esse nível de gordura, ou seja, IMC acima de 30, possam ter acesso, de forma mais razoável, ao transporte coletivo e que tenham também à disposição acomodações adequadas em cinemas e em salas de cultura, para que também possam ter acesso ao valor da cultura. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 043/02.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando eu li este Projeto, não lhe dei a atenção devida, mas depois meditei e vi que V. Ex.ª tem razão. Por quê? Porque ele une duas idéias: a idéia que V. Ex.ª teve ao fazer o Projeto e a idéia, a observação, melhor dito, que tenho das camadas pobres. Por que será - nós indagamos - que as camadas mais sofridas, em geral, são obesas? Parece uma contradição, mas é porque elas não sabem comer. Não sabem procurar alimentação adequada. Eu tenho procurado, indagando até a minha esposa - que é assistente social, que faz um trabalho como V. Ex.ªs todos sabem, todos conhecem; ela nunca aparece, está sempre distante fazendo alguma coisa nessas camadas mais pobres -, eu indaguei a ela por que isto. E na verdade, obtive a resposta: o pobre, muito pobre, quase indigente, não sabe procurar alimentação. Não me refiro ao pobre do Nordeste; eu conheço o Nordeste. Estive por lá um ano, como militar, e vi as caatingas, vi tudo, há cinqüenta anos, vi a pobreza do Nordeste. É outro pobre. O Brasil até nisso tem diletantismos; apresenta a peculiaridade de oferecer ao espectador, ao indagador, ao estudioso, tipos de pobreza diferentes. Mas o pobre do sul, o pobre da Bahia para baixo, digamos, sofre do que V. Ex.ª está se referindo aqui neste Projeto. Mas acho que V. Ex.ª poderia ter ido mais longe ainda, porque V. Ex.ª não perquiriu o porquê de a obesidade, nas camadas sofridas, apresentar-se com tanta exuberância? Não sabem comer! V. Ex.ª deve ter percebido essa gente sofrida, obesa; é uma contradição. Por que, se eles não têm comida, são gordos? O pobre do Sul, não digo o pobre do Nordeste, esquálido, aquele pobre sofrido, curtido pelo sol, é outro pobre. Mas o pobre da Bahia para baixo - estabelecendo uma linha divisória, imaginária - no Brasil, é diferente. O Brasil do Sul tem um pobre, Ver. Juarez, diferente nessas vilas. Em geral, como motorista, vou levar a minha esposa - e não me imiscuo muito nisso - à famosa Vila Quedi, na Av. Nilo Peçanha. O Ver. Pestana se interessou. E eu acho que o PT deveria se preocupar por essa vila. Eles estão completamente abandonados até hoje.

 

 (Aparte anti-regimental do Ver. Juarez Pinheiro.)

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: É, tem, mas não dá conta do recado. Então, a minha pergunta é por que é que o pobre é gordo, se ele não tem comida? Ele come errado. Ele come o que não deve comer. Fica aqui a indagação. Vai além do seu Projeto. A obesidade mal distribuída, mal localizada, encontra a resposta nesse detalhe: o pobre não sabe comer, não sabe escolher a sua comida. Come, em geral, banha de porco, consome gorduras.

O PT se interessou pelo discurso, mas peço que se interesse pela Vila Quedi; é um desafio ao PT. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em votação o PLL n.º 043/02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Apregoamos a Emenda n.º 01 ao PLL n.º 049/01, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que institui a Olimpíada Estudantil no Município de Porto Alegre. A Emenda n.º 01 suprime o art. 4.º e a expressão “através da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer.”

Apregoamos a Emenda n.º 02 ao PLL n. 049/01, também de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que inclui no art. 2º “item XI – Futebol de Campo masculino e feminino.”

Em votação a Emenda n.º 01 aposta ao PLL n.º 043/02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2630/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/02, de autoria do Ver. Ervino Besson, que institui o Dia do Imigrante Italiano no Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

-         da CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto;

-         da CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 11-11-02.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em discussão o PLL n.º 155/02. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, pessoas que nos assistem pela TV Câmara, quero saudar todos.

A Ver.ª Maristela Maffei, em tom de brincadeira, que aceito com muito agrado, diz que é uma homenagem à nonna. De fato, também é uma homenagem à nonna. As pessoas de origem italiana tratam a nonna com um carinho muito especial. Todos os que são de origem italiana sabem - e há alguns neste Plenário - como é que tratamos, com muito carinho, a nonna; é uma forma italiana, uma forma muito carinhosa de tratá-la.

Mas a imigração italiana deu, e continua dando, uma grande parcela do seu trabalho, da sua luta e tem um grande papel de destaque no desenvolvimento econômico, no crescimento do nosso Estado, e também da nossa cidade de Porto Alegre.

Para que V. Ex.ªs tenham uma idéia, em 1893 Porto Alegre contava com seis mil italianos, o que representava mais de 10% da população; sempre progredindo e contribuindo com o desenvolvimento da Cidade, de forma árdua e comprometida com a ascensão social de todos.

Vejam V. Ex.ªs o que representou para a nossa Cidade a imigração italiana. Portanto, nada mais justo do que esta Casa homenagear os nossos amigos, os nossos irmãos italianos.

Daqui a alguns minutos vamos votar esse Projeto. Peço que os nobres pares desta Casa votem favoravelmente, porque é uma forma de reconhecimento, é uma forma de esta Casa poder, pelo menos uma vez por ano, que será no dia 1.º de julho, homenagear os imigrantes que tanto fizeram e continuam fazendo para o crescimento do nosso Estado e da nossa cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 155/02.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, comumente eu não ocupo a tribuna com tanta freqüência, Ver. Juarez Pinheiro. Mas eu não posso deixar de realçar a proposta que fez o Ver. Ervino Besson. Fui Deputado por dezesseis anos; saí de um quartel repentinamente e me lancei às campanhas políticas nos Municípios mais distantes do Rio Grande. Eu me deslocava para Planalto, para Constantina, Sarandi, justamente onde está a colônia italiana. Que criaturas maravilhosas! Que empolgamento se sentia nas viagens que fazia; como eram animados, como gostavam de cantar, como eram joviais, como eram alegres, e como são alegres!

O Rio Grande se transformou; aquilo que vivi, V. Ex.ªs não podem mais viver, porque o Rio Grande se transformou; o progresso chegou, as vias se tornaram asfaltadas, o Rio Grande se tornou sofisticado de tal maneira que aquela gente que povoava aqueles rincões veio para Porto Alegre, tirou faculdade; são doutores.

Hoje em dia, todos sabemos que as eleições são diferentes, que o voto não é distrital, mas as eleições são regionalizadas. Por que tudo isso? Por que aconteceu? Por que o Rio Grande se transformou? E o italiano, que fez o Rio Grande, que levantou o Rio Grande, que empolgou o Rio Grande, ficou no passado.

Ora, Ver. Ervino Besson, tenho profunda admiração pela colonização italiana, tanto que só voltei à Assembléia Legislativa do Estado, onde fui Deputado dezesseis anos, depois de alguns anos, seis ou oito anos, quando fizeram uma homenagem como V. Ex.ª está pedindo aqui que esta Casa faça; a Assembléia. Eu me desloquei para o plenário da Assembléia para prestigiar a colonização italiana. Imagine V. Ex.ª como eu me sentia, pois admirava essa gente! Essa gente jovial, alegre, feliz, cantando sempre, sempre alegre, trabalhando!

Eu desconhecia tudo isso, porque saí de um quartel, depois de trinta anos dedicados à profissão militar, e se abria a meus olhos uma vivência completamente diferente, que era o povo, o povo simples, o povo dos rincões do Rio Grande – como já citei aqui – a me abraçar como Deputado, a me animar, até ajudando a me eleger! E eu, admirado, jogando bolão com eles! V. Ex.ª sabe como gostam de bolão!

Os churrascos, uma maravilha! Mas esse Rio Grande ficou para trás, não existe mais.

Então, quando V. Ex.ª se lembra desse contingente humano, eu tenho que vir à tribuna para dizer que V. Ex.ª tem razão: aquele italiano que conheci há trinta anos não é o mesmo, não tenha dúvida, mas tenho, por ele, grande admiração, porque aprendi a estimá-lo; aprendi a empolgá-lo; ele, e o alemão também, são responsáveis por tudo o que foi erguido no Rio Grande.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 155/02.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, serei breve no meu pronunciamento, mas, como descendente de italianos por parte dos meus avós – o nonno e a nonna -, os maternos, nascidos no Sul da Itália, e os paternos, no Norte da Itália - então, o equilíbrio entre o Sul e o Norte - eu não poderia deixar de me manifestar.

Com certeza, Ver. Ervino Besson, primeiro eu queria parabenizá-lo por ter tido essa brilhante idéia, porque nós sabemos que os italianos... Primeiro foram os alemães a aqui chegarem. Eles ocuparam, no nosso Estado, as melhores fatias, até porque tinham uma outra concepção; inclusive no sentido religioso, por serem protestantes, tinham uma outra visão da sociedade em relação à ocupação da terra. Então, os alemães ocuparam as áreas mais planas. Os imigrantes italianos, por ocasião da guerra, por toda uma situação que vivenciava a Europa naquele momento histórico, imigram para o Brasil, para o nosso Estado. Os nonnos e as nonnas, com os burrinhos, ou mesmo a pé, ficavam desbravando as picadas do nosso Estado, subindo, para a minha terra natal, Lajeado, ou Garibaldi, que foi onde primeiro a minha família chegou, lá na comunidade de São Roque - onde nós tivemos este ano a primeira festa da nossa família. Migraram para lá, desbravando e ocupando, principalmente, as áreas da serra gaúcha. Encontraram as maiores dificuldades, porque ocuparam terras com muitas pedras, enfim. É uma história muito rica: nós sabemos das dificuldades que enfrentaram para aqui se estabelecerem. Enfrentaram aquela guerra e, depois, aqui no Brasil, enfrentam a II Guerra, como muito bem está colocado aqui na síntese feita sobre essa história, quando enfrentam o episódio em que o Brasil declarou guerra aos países do Eixo. E novamente sofrem a guerra, uma discriminação muito forte por parte do Governo do País, rompendo relações diplomáticas com a Itália.

Eu fico imaginando a situação desse povo que emigrou para cá e que, com o tempo, assim como outras etnias, outras raças contribuiu por demais.

Mas, é claro, nós temos todo um sentimento de brasilidade, de sermos filhos desta terra, e temos muito orgulho de sermos latinos. Mas não temos como negar: temos muito orgulho da nossa ascendência fundamental, que faz parte do nosso caráter, da nossa índole, da nossa formação. Nós acabamos fazendo disso uma miscigenação importante no desenvolvimento deste Brasil maravilhoso, até porque temos uma concepção e compreendemos que a Europa é uma das regiões mais antigas do mundo. Nós somos ainda – entre aspas – nenês de colo no mundo, em termos de desenvolvimento, mas nós que somos democratas e que, no viés da democracia, temos a essência da democracia e somos socialistas, temos essa concepção, e com certeza, mesmo com relação à questão da Revolução Industrial, esse anarcossocialismo, anarcossindicalismo, enfim, todo um processo histórico também para nós foi fundamental até hoje, na visão que nós temos de concepção do mundo e aquilo que nos integra e nos faz realmente revolucionários no sentido cultural e democratas de coração, na vida e na teoria.

Eu quero parabenizá-lo, mais uma vez. Daqui a pouco estaremos fazendo uma homenagem importante aqui, nesse sentido, que, acho, só virá abrilhantar este momento, exatamente o momento em que está sendo votado este Projeto. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação ao PLL n.º 155/02, pelo PTB.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, queremos saudar o Ver. Ervino Besson pela iniciativa que tem de instituir na cidade de Porto Alegre o Dia do Imigrante Italiano. Todos já falaram e disseram da importância que a colônia italiana representa e representou para o desenvolvimento do nosso Estado, ao lado de outras correntes migratórias, criando essa miscigenação fantástica, magnífica, que é o gaúcho, e, de resto, o brasileiro, mas, em especial, o gaúcho e o porto-alegrense. Nas veias de gaúchos e porto-alegrenses corre, inquestionavelmente, ora com maior contribuição, ora com menos, o sangue italiano, o sangue alemão, o sangue negro, enfim, o polonês e tantas outras etnias que nos fizeram o Estado que poderíamos dizer europeu. Se nós dissermos que o Rio Grande do Sul é um continente europeu, nós não estaremos cometendo nenhuma heresia do ponto de vista demográfico, porque, andando pelo Rio Grande, tomando a direção da serra, nós vamos encontrar, nos vales, os alemães, que deram contribuições significativas. E, mais acima, subindo as escarpas dos morros, os italianos, que passaram a realizar verdadeiros milagres na produção do vinho, na produção de tantos produtos característicos do imigrante.

É para nós importantíssimo que se adote em Porto Alegre o Dia do Imigrante para que se oportunize cada vez mais, se motive cada vez mais essa verdadeira trança étnica para reafirmar ainda mais o nosso espírito de brasilidade, o nosso espírito de nacionalidade. Trata-se de uma excelente iniciativa há muito reclamada, Ver. Ervino Besson, pela comunidade italiana e que tem V. Ex.ª, em cujas veias corre esse sangue generoso, por tudo que o italiano tem feito em nosso Estado, em nossa Cidade e em nosso País. Trata-se de uma grande iniciativa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em votação o PLL n.º 155/02. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3095/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 180/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que obriga a Rede Pública Municipal de Ensino a incluir em seu currículo a disciplina de Educação no Trânsito. Com Emendas n.os 01 e 02.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto e das Emendas n.os 01 e 02;

- da  CECE. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto e das Emendas n.os 01 e 02;

- da  COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto e das Emendas n.os 01 e 02.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 18-09-02.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em discussão o PLL n.º 180/97. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vejam bem, eu acho que todos os projetos que os nobres parlamentares elaboram são projetos importantes, é um viés, cada um tem as suas convicções, enfim, o seu jeito, o seu modo de avaliar e de analisar a sociedade.

Nós vivemos, durante muitos anos, em nosso País, momentos muito obscuros, onde, praticamente, havia o olhar da caserna, que era bastante uniformizado ou quase todo uniformizado; por exemplo, o conceito de um currículo escolar, a questão pedagógica era vista tanto no Nordeste, no Centro, como no Sul do País, da mesma forma com relação à aplicação na realidade. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, no Colégio Anchieta, como em um colégio lá da Lomba do Pinheiro, não era levada em consideração, Ver. Goulart, a realidade. Eu creio profundamente que isso não é apenas mérito do Partido dos Trabalhadores ou dos teóricos da área de educação do PT: existem vários segmentos dessa área que têm essa mesma concepção, nós temos aí formuladores fundamentais, como Piaget, como Paulo Freire, como Emília Ferrero, cada um de nós, como pais de nossos filhos, como os conselhos escolares e o Conselho de Educação, que hoje têm uma leitura e que trabalha em cima da realidade, e isso nós temos de respeitar.

Imaginem que, mesmo na LDO, a última reformulação que tivemos da LDO, até baseada no antigo conceito onde era tudo praticamente uniforme, ela trabalha exatamente isso, ela dá as diretrizes básicas, ela trabalha em cima dos currículos básicos. Imaginem se cada Câmara de Vereadores – sem tirar o mérito e a importância que temos, porque fomos eleitos – entrar na semântica de todas as áreas. Nem me refiro à questão da inconstitucionalidade deste Projeto, mas na questão pedagógica, didática e ética, frente a um conceito, a uma categoria, a um setor fundamental da sociedade, onde nos preocupamos pela gestão pública.

Nós não podemos partir do pressuposto do engessamento da realidade, por exemplo, dos professores, que têm uma discussão, que estudam durante anos. É como na área da Medicina, é o mesmo que sair daqui e dizer o que deve ser feito para alguém que se especializou nessa área, fazermos uma lei na Câmara de Vereadores dizendo como é que tem de ser determinado tipo de cirurgia.

Nós podemos opinar, nós podemos dizer que esta é uma Casa para isso, agora, formularmos leis é difícil, eu não posso instituir uma disciplina frente a uma realidade local onde pode ter uma forma de você se dirigir diferente de outra realidade. Então, é para isso que eu estou querendo chamar a atenção dos nobres pares desta Casa. Tem a questão da constitucionalidade, a questão legal, mas, mais do que isso, tem uma questão de conceito, de visão, de realidade, de respeito à realidade local, de respeito às instituições que se organizam, debatem, discutem. Depois é levado para o Conselho de Educação e lá é o último fórum para o tema ser discutido e aprovado. Agora, se cada um de nós sairmos daqui com uma necessidade como se isso fosse mudar a realidade, como se isso fosse realmente exprimir a realidade do conceito de como é que a questão do trânsito vai se definir, como disciplina, nós estaremos engessando toda uma discussão, uma premissa que nós temos pela gestão pública democrática.

Por isso é que eu peço aos nobres pares que nós possamos pensar no que está sendo votado, aqui. Não é nada contra o Ver. Pujol, por favor, que é um rico colega, que trabalha todos os dias conosco, porque cada um tem a sua concepção. Agora, não dá. Não dá para nós passarmos por cima de instituições, de segmentos sociais. Mas nós podemos, sim, como pais, discutir o tema, fazer audiência pública; agora, nós formarmos leis, como currículo, por favor, eu não “estou” professora neste momento, mas sou professora de formação, participo nas comunidades, sei o quanto isso é importante, eu acho que nós temos que respeitar esse segmento, acho que esta forma não é a melhor forma que nós temos para ajudar a sociedade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 180/97.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, evidentemente que o presente Projeto enfrenta questões ligadas à constitucionalidade. Mas, se pegarmos 85% dos Projetos produzidos aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, nós vamos constatar que estes 90%, 85%, carregam os vícios deste Projeto. Mas ele, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é válido na medida em que ele desperta para uma questão importantíssima em matéria de segurança absoluta. Com a experiência que temos - e o Ver. Pujol também passou pela Secretaria dos Transportes -, é impressionante quando a Ver.ª Prof.ª Maffei bate a sineta e as crianças saem da aula. Dispersam em alta debandada e correria, às vezes atravessam ruas, etc. e tal, e tal e tal... Evidentemente que determinadas escolas, determinados mestres chamam a atenção das crianças. Mas, se pudéssemos instituir, nem que fosse de fato, uma disciplina que pudesse chamar a atenção das crianças dizendo do conjunto de regras que são fundamentais para a sua própria segurança, nós teríamos ganhos imensos.

Este debate que estamos produzindo e que está sendo assistido pelos senhores telespectadores e por toda a divulgação que a Casa tem através dos seus Anais, da sua comunicação, já justifica a existência do Projeto, porque ele é perpassado a diferentes áreas e pessoas chamando a atenção para essa situação gravíssima que é a segurança das crianças, principalmente nas escolas.

Enquanto Secretário Municipal dos Transportes, num determinado dia, na frente do Sport Club Internacional, um menino atravessava a rua, e um carro o pegou, e nós implantamos em Porto Alegre o quebra-molas, tecnicamente chamado de ondulações transversais. E se colocaram algumas ondulações transversais em escolas na cidade de Porto Alegre. Porque Porto Alegre tinha um preconceito contra o denominado quebra-molas, posto que em frente ao 18-RI, há alguns anos, havia um quebra-molas sem a devida sinalização e um motoqueiro passou no mesmo, saltou e terminou morrendo.

Mas eu acho que é um Projeto válido. A aprovação, embora enfrente as questões de legalidade, desperta a necessidade de se fazer nas escolas debates, dar informações para que as crianças tenham os cuidados necessários para enfrentar essa verdadeira calamidade que nós temos que são os acidentes de trânsito e, principalmente, com crianças. Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 180/97.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a preocupação do Ver. Reginaldo Pujol, que deseja que a rede pública municipal de ensino inclua no currículo a disciplina de Educação para o Trânsito é realmente importante.

A própria Lei que criou o Código Nacional de Trânsito diz que a educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Então, não há o que duvidar. A idéia é boa, mas às vezes alguns Vereadores desta Casa ficam muito brabos comigo, porque eu digo: “Chega de leis.” E volto a dizer que, em 1930, o Governador da Província dizia a mesma coisa, e eu aprendi com ele; chega de leis, as que têm são necessárias e suficientes, basta que sejam cumpridas.

A proposição que ora se faz é exatamente igual à da Lei Municipal n.º 6.809, que determina que os estabelecimentos de ensino de primeiro e segundo graus do Município tenham, no seu currículo, a Educação de Trânsito. E agora, como é que vamos fazer? Uma nova Lei? Quando este Projeto de Lei foi apresentado e aprovado pela Câmara, o Prefeito vetou, a Câmara derrubou o Veto e a Lei foi promulgada. É a mesma Lei, e agora o que nós fazemos?

Então, o problema do excesso de projetos de lei, que, às vezes, preocupa este Vereador, que recebe, por isso, algumas imprecações até, faz com que se socorra da Procuradoria e a Procuradoria não tem tempo; apesar de estar anexado aqui, deveria a Procuradoria dizer que existe, não por falta da Lei; é falta de educação mesmo para o trânsito, e é falta de clareza nos projetos aqui apresentados.

O Projeto foi bem estudado, é oportuno sim; tem Emendas, prova que houve interesse de Vereadores, mas eu acho que ficaria muito mais interessante um pedido de providências de parte de Vereadores, pedindo ao Executivo que aplique a Lei ou peça que ela seja tornada sem efeito, ou seja, derrogada. Eu acho que seria esse o melhor caminho. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do PLL n.º 180/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não pretendia encaminhar a matéria, até porque o que nós pretendíamos é que, afinal, ela fosse votada, tanto tempo ela está - cinco anos - aguardando para ser votada. Mas os comentários que ocorreram nos levaram, necessariamente, a trazer o esclarecimento final, que é exatamente no sentido de que a pretensão que nós tínhamos de que essa matéria fosse votada é porque, no exame da Casa, como se verifica, todas as Comissões concluíram que a mesma tinha condição de tramitação. Nenhuma das Comissões apresentou óbice de qualquer ordem à tramitação, e as Emendas que sucederam esclareciam melhor as situações anteriores. Vejam bem, a Comissão de Constituição e Justiça, no mais recente Parecer, em 9 de abril de 2002, examinando as Emendas n.º 01 e 02, conclui pela aprovação. E é objeto de aprovação com apenas um voto contrário, da Ver.ª Berna Benezes, que colocou um voto em separado, fazendo uma dissertação bem ampla, muito ampla por sinal, que versa fundamentalmente sobre o problema de competência da Câmara, que, como disse bem o Ver. Antonio Hohlfeldt, é uma situação que tem ao longo do tempo perdurado nesta Casa.

Então eu quero, com toda a sinceridade, salientar aos Srs. Vereadores que eu não vejo nenhum motivo para essas preocupações que aqui foram levantadas. E, não obstante, Sr. Presidente, eu já me sinto muito homenageado em ver que a matéria já está sendo votada. E concluiria lendo exclusivamente o Relatório último apresentado nesta Casa, em 4 de setembro, firmado pelo Ver. Pedro Américo Leal, um homem de larga experiência parlamentar, que diz o seguinte: (Lê.) “Pela Lei Federal n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996, verifica-se que o Município tem competência para baixar normas complementares para seu sistema de ensino, com intuito de atender às necessidades regionais e locais da sociedade. A Emenda n.º 01, que propõe a inclusão da disciplina de Educação de Trânsito a partir da pré-escola e a Emenda n.º 02, tratando que a disciplina de Educação e Trânsito deverá possuir carga horária a ser estabelecida pela Administração Municipal são meramente benéficas. Acredito ser de suma importância a adequação da rede pública municipal de ensino para que as pessoas aprendam já na escola as normas de trânsito e as práticas rudimentares, tornando-se cidadãos mais conscientes e responsáveis.” Eu não poderia ter - até lhe fico grato, Ver. Pedro Américo Leal - melhor encaminhamento do que ler o seu Parecer. Com ele pretendo ver esclarecidas algumas dúvidas que ficaram ao longo do debate, que, por serem serôdias, tardias, certamente poderiam prosperar, mas pretendo enfrentá-las pura e exclusivamente com o seu abalizado Parecer, de homem de experiência parlamentar e, sobretudo, de muito critério e juízo ao emitir as suas opiniões. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal o PLL n.º 180/97, solicitada pela Bancada do Partido dos Trabalhadores. (Pausa.) (Após apuração nominal.) Não há quórum para deliberação.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h07min.)

 

* * * * *